sexta-feira, 22 de março de 2013

o resto é conversa

Não há qualquer forma de superar o actual estado dos problemas enquanto os compromissos de classe não forem revelados e claros para todos. Enquanto dominar e persistir o discurso do "fim da luta de classes" e enquanto durar a cultura de cooperação entre o proletariado, o pacto de classe sangrento e velado continuará a fazer vítimas.

Enquanto o proletariado, mesmo o que se deixou embevecer por um capitalismo que lhe assegurou uma existência cómoda, mesmo o que viveu na sombra da burguesia, e enquanto as camadas intermédias e a pequena-burguesia não assumirem a ruptura com a teoria da "cooperação de classe" que, mais ou menos conscientemente assumiram, não há forma de abordar a alternativa política fora do espartilho partidário proto-clubístico.

PS, PSD, CDS, pouco importa. O que importa é o interesse de classe que servem e representam.

A grande burguesia sabe-o bem. Parte do proletariado e da pequena burguesia também o sabe. Mas a comodidade da cooperação é sedutora, mesmo quando apenas ilusória. Estou convencido de que o Capital, na sua senda de incontidas avidez e voracidade, não deixará que a ilusão perdure muito mais. E quando essa ilusão se desfaz, resta ao capitalismo a fusão do Estado com o monopólio, o fascismo e a imposição pela força da exploração. Afinal de contas, a social-democracia é só a cara bonita do fascismo. E o fascismo a cara feia da social-democracia. Ambas, do capitalismo.

Esquerda, direita, nunca fez menos sentido a categorização. Reaccionário e conservador ao serviço do capital, ou revolucionário e progressista ao serviço do povo. O resto é conversa.

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