quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Terrorismo, chantagem e mentira

A burguesia tem por hábito minar o avanço das forças progressistas de todas as formas. Entre os métodos, contam-se especialmente a mentira, a chantagem e o terrorismo. Em Portugal, há muito que sofremos com estas práticas da direita, pela voz dos grandes patrões e dos seus cães-de-fila, PS, PSD e CDS.

Hoje, perante o agravamento da situação política e social, perante a mobilização e a elevação gradual da consciência política de camadas significativas da população, a frase terrorista que junta chantagem e mentira é esta:

"não há outra alternativa."


Dizemos nós que há. E há. E marcha nas ruas nas mãos do povo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cigarras e formigas de todos os países, uni-vos!

Revoltam-me estas conversas sobre as cigarras e as formigas. Além das suas evidentes imprecisões biológicas e etológicas - que Esopo provavelmente ignorava - revestem-se geralmente de uma pesada carga reaccionária e de um apelo velado à divisão entre trabalhadores.

Ora, nem as cigarras não trabalham - pois ocupam, tal como as formigas, o seu nicho ecológico na perfeição - nem seria tal exemplo passível de aplicação às sociedades humanas, na medida em que cigarras e formigas são de espécies diferentes e, entre seres humanos, a especialização é intraespecífica.

Independentemente de tudo isso e dos disparates que por aí se ouvem sobre as cigarras e as formigas, importa dizer que quem lança tal conversa tem sempre como objectivo criar a ilusão de que existe quem não queira trabalhar e que essas pessoas constituem inclusivamente um grande contingente entre a população. Mais: visa mesmo responsabilizar as tais "cigarras" pelo estado em que a economia está.

Mas digo porque me revoltam tais afirmações, além de tudo quanto já escrevi:

1. Eu quero viver num mundo cheio de "cigarras". Ou melhor, num mundo em que as "formigas" dependem das cigarras, tanto quanto as cigarras das formigas. Quero viver num mundo em que quem quiser viver da arte, da música, da cultura, possa fazê-lo para dar um sentido à sua própria vida, mas também à dos restantes. Um mundo em que as cigarras cantam para as formigas e assim prestam o seu trabalho para a sociedade, para todos. Um mundo em que as formigas constróem e produzem, mas em que as cigarras igualmente o fazem.

Umas comida, outras alimento.

2. É compreensível que os parasitas tentem desfocar a realidade, para que as formigas se virem contra as cigarras, para não perceberem que o que as mata é o verme que se instala nos seus intestinos.
Se as formigas são trabalhadores, os seus inimigos não são as cigarras, mas os fungos e vermes que parasitam o trabalho da formiga e da cigarra. Na verdade, esses políticos corruptos, os capitalistas, a grande burguesia, os PS's, PSD's e CDS's é que são as bichas solitárias do nosso povo, que enriquecem e se amanham, que fazem as suas vidas e fortunas da miséria e da desgraça de um povo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"trabalho de massas, resistência de massas, frente única, nenhuma aventura"

A frase que dá título a este texto é a fórmula afirmada por Dimitrov perante o tribunal fascista alemão quando acusado pelos nazis de ter ateado o fogo no reichstag que acabou por contribuir em grande medida para a ascensão do Partido Nazi ao poder.

Essa fórmula referia-se à táctica comunista perante o fascismo. O mesmo Dimitrov que sintetizou tão bem esta orientação geral do movimento comunista internacional nos anos 30 do século XX, descreveu o fascismo como uma expressão plena do regime de exploração que caracteriza o capitalismo. Nesse entendimento, a própria democracia burguesa é uma concessão do capitalismo à força dos povos - ou seja, a besta fascista é o verdadeiro rosto do capitalismo, embora nem sempre vísivel e muitas vezes dissimulado.

Porque invoco hoje essa consigna comunista?

Porque o momento histórico que atravessamos, também em Portugal, é o de agudização da exploração, de intensificação da receita capitalista, o da capitulação da burguesia nacional e do poder político perante a burguesia transnacional e o poder imperialista europeu e franco-alemão. A negociação dessa capitulação é feita de forma a salvaguardar os privilégios da burguesia nacional e dos grandes grupos económicos que a sustentam, ainda que conjugados com o avanço triunfal da influência da grande burguesia transnacional e dos impérios capitalistas.

Essa intensificação dos mecanismos capitalistas de exploração é feita também através da desfiguração do Estado tal como concebido pela Constituinte resultante da Revolução e pela restituição de um Estado ao serviço do monopólio, aproximando-se perigosamente de instrumento preferencial e exclusivo da classe dominante. É certo que todo o Estado é instrumento opressor da classe dominante sobre as classes exploradas, mas não é errado caracterizar o Estado resultante de Abril como um Estado em transição do Capitalismo para o Socialismo, com reflexos também nas relações sociais e na composição da propriedade que esse Estado albergava. Por isso mesmo, pode afirmar-se que presenciamos um retrocesso na configuração política do Estado, no sentido inverso ao estabelecido na Constituição da República Portuguesa.

Essa desfiguração do Estado, por sua vez, coloca a evolução da situação nacional no sentido da regressão social, reconstruíndo privilégios e poderes, fascizando o Estado, as relações laborais, e a hegemonia.

A capitulação e a venda do país, acarreta o sacrifício interminável dos direitos e conquistas económicas, políticas e sociais dos portugueses. Só a rejeição desse rumo pode recolocar o país no caminho do progresso e da democratização. Quando Álvaro Cunhal colocava a consolidação da democracia política e das liberdades políticas em primeiro plano e em íntima ligação com o aprofundamento das restantes componentes da democracia e da economia, fazia-o porque tinha plena consciência de que a natureza do capitalismo é fascista, desumana, ditatorial, cruel. A relação entre a democracia e a superação do capitalismo é directa e inequívoca.

Por que motivos recuperar agora Dimitrov, Cunhal e Lénine (sobre o papel do Estado)? "Trabalho de massas, resistência de massas, frente única, nenhuma aventura."

A resposta está no título do texto. Porque nestes momentos, ser-nos-ão colocadas questões várias, dúvidas imensas, esperanças múltiplas, ilusões diversas. A resistência é o primeiro passo para o avanço, para a conquista e, por isso mesmo temos afirmado que, neste contexto, "resistir é já vencer" (Jerónimo de Sousa di-lo várias vezes). Mas é importante combater as perspectivas subitacionistas, inorgânicas, aventureiristas que desligam a preponderância da hegemonia cultural no contexto. A frente única contra a fascização, o trabalho de massas - mesmo de massas - e a resistência de massas - mesmo de massas - não podem ser reduzidos a expressões mais ou menos violentas, mais ou menos concretas, mais ou menos massivas. A luta pela luta, a revolta sem alvos, são passos pelo pântano adentro.

A concepção de trabalho de massas, de resistência de massas, de frente única, parte da organização do operariado enquanto classe, organizado para resistir e para afirmar o seu domínio sobre a burguesia. A frente única coloca a evidência de construir uma política de alianças (não de partidos, mas de camadas) que aceite a direcção da luta pelo proletariado como forma única de retaliar a agressão capitalista e a reconstituição do fascismo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

se...

Se aqueles milhares de pessoas tivessem um programa revolucionário podiam fazer a revolução.
Isso abre todo um horizonte de nova confiança. Ao trabalho.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pequenas notas sobre o passado, o presente e o futuro

O medo, o desencanto, o desespero são instrumentos sombrios da direita.
O terrorismo, o vandalismo e a desorganização são gritos mudos do medo, do desencanto e do desespero.
A extrema-direita ascende entre as massas amedrontadas, desencantadas e desesperadas.

A esperança, a confiança, a organização são expressão do progresso, da ascensão consciente das massas.
A luta de massas organizada, a formação política e ideológica, o trabalho colectivo, a poesia e a cultura são instrumentos dos oprimidos para romper o cerco dos opressores.

O desalento, a desorientação surgem sempre na revolta inconsciente e inconsistente.
Os messias ganham raízes na alienação tornada em protesto vão.

O fascismo agravou sempre as condições de vida do povo, dos povos, e concentrou aceleradamente os meios de produção e toda a riqueza e propriedade em punhados reduzidos de figuras e corporações.

O socialismo rompeu os limites do capitalismo, socializou a propriedade, elevou as condições de vida de povos inteiros.

As encruzilhadas históricas são momentos decisivos: ganhar ou perder é tão simples quanto escolher entre organizar-me e lutar ou lutar contra a organização.

Gritar contra tudo é o mesmo que não gritar contra nada.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Resgatar o presente e o futuro com a luta de massas

Estamos em Setembro de 2012, com mais de um ano de ocupação oficial pelos braços administrativos do grande capital internacional - o FMI, BCE e UE - e com a submissão incondicional das força da troika doméstica que nos governa há 36 anos - PS, PSD e CDS.

Estamos em Setembro de 2012 e a recuperação do capital monopolista está numa fase de ascenso acentuado, contando com o apoio cada vez mais expresso do Estado, num curso de desfiguração criminosa do Estado que resultou do 25 de Abril de 1974.

O Partido Socialista, determinante cúmplice da política de direita e de reconstituição capitalista desde 1974, coloca-se agora, perante a destruição nacional, do lado da confusão, lançando desesperança sobre o povo, contribuindo para a continuidade da política que nos corrói a vida , os nossos direitos, que esbulha a riqueza que todo um país cria para a concentrar nas mãos dos poderosos. O Partido Socialista, autor do chamado memorando de entendimento com a troika, o verdadeiro pacto de agressão e submissão imposto aos portugueses, tenta agora demarcar-se dos resultados desse pacto, sem se demarcar da filosofia que o enforma e dos objectivos que prossegue. O que o PS não faz, porque não consegue, é assumir a ruptura com a linha capitalista que domina a política nacional e internacional. Não é possível estar contra a "austeridade" e o roubo estando a favor do Pacto e da perspectiva política que encerra.

O PSD e o CDS esquecem agora, como seria de esperar, as preocupações sociais que fingiam ter durante o mandato de Sócrates e conduzem e aplicam agora uma política de natureza fascista, orientada para a colocação integral do Estado ao serviço do monopólio. A desumanidade e insensibilidade social com que protagonizam este ataque indigno contra o próprio povo é fruto do compromisso de classe que assumem com os grandes interesses, com os obscuros meios da corrupção capitalista, com a exploração e a sua intensificação. Portas e Passos assumem com afinco a tarefa que os senhores do dinheiro lhes confiaram e atacam vilmente os trabalhadores, os jovens e os idosos, roubando e oprimindo, cortando direitos conquistados com a luta e a vida de gerações e gerações de portugueses.

O posicionamento de classe do Governo não é disfarçável e o seu alinhamento com o grande capital é a real causa do seu papel no poder. Não é conciliável o capitalismo com o nosso bem-estar.

A dívida pública cresce, o défice público não se contém, os portugueses estão mais pobres e com menos direitos, a qualidade de vida esfuma-se no dia-a-dia, os pais não têm como cuidar dos filhos, os filhos não têm dinheiro para a escola, os jovens deixam o país, os trabalhadores são forçados a um regime próximo da escravidão e as fábricas encerram, deixando no seu lugar o fantasma daquilo que o país poderia ser mas não é. Enquanto isso, os agiotas, os banqueiros, os senhores da distribuição, consolidam o seu domínio sobre todo um povo, tornando mais sólidos os monopólios.

O rumo que o país toma é o do desmantelamento e destruição. A esperança de muitos converte-se na revolta e na ânsia de protesto. Milhares de portugueses clamam por justiça, protestam como podem e exigem resposta. Milhares de portugueses já lutam há muito e há muito denunciam a marcha de recuperação capitalista que destrói Portugal e a esses agora devem juntar-se os restantes, aqueles que, ainda que tarde, compreendem a perda que testemunham.

Milhares de portugueses, de homens, mulheres e jovens, sentem uma vontade imensa de travar esse rumo, mas não sabem como. O esquerdismo, a extrema-direita, a ilusão verbalista, o anti-comunismo encontram neste caldo de cultura o terreno fértil de que necessitam para dar o seu contributo para a manutenção do capitalismo. A movimentação inorgânica e sem objectivos concretos, a radicalização inconsequente da luta aventureira, convergirão para a criação de uma cortina de fumo entre os trabalhadores e o futuro necessário.
A resposta a uma ofensiva desta envergadura, violenta e organizada, tem necessariamente de ser violenta e organizada.

Tal como os comunistas portugueses afirmaram que não seria possível derrotar pacificamente o fascismo, também agora não será possível derrotar pacificamente o capital, na medida em que o capital não abdicará do domínio que alcançou. No entanto, a violência deve ser estritamente orientada política, física e ideologicamente para o inimigo com a plena consciência de que não pode provocar reacções contrárias nas massas. A ideia de que uma minoria de activistas pode chamar a si a capacidade de transformar a correlação de forças não difere muito das concepções putschistas que os comunistas sempre combateram. A solução para a ruptura e para a construção de um rumo diferente está na capacidade de participação das massas nesse processo. A intervenção das massas, muitas vezes mesmo das que se mantiveram alheias ao contexto político nos últimos tempos, acomodadas e conformadas, será determinante para o sucesso da luta que a sua vanguarda tem travado. A distinção entre a vanguarda e as massas deve colocar-se única e exclusivamente no grau de consciência política, sem que isso sacrifique alguma vez a substituição da participação das massas pela da vanguarda. Esse erro histórico pagar-se-ia caro, não só por prejudicar a construção de um momento de ruptura revolucionária, como poderia criar imensas barreiras a um processo revolucionário, necessário, independentemente da forma.

A ligação às massas, mas acima de tudo, a capacidade de chamar as massas a participar na luta contra a ocupação, contra o pacto de agressão e de submissão, a luta em torno de obectivos concretos e reais, capaz de se afirmar como um passo progressista. Só a luta de massas e só o reforço da organização dos comunistas, bem como da sua intervenção, poderá constituir-se como a força necessária para a inversão do rumo que o capital imprime a Portugal e aos portugueses.

Cada vez mais, as eleições distantes ou próximas, se evidenciam como um processo de plebiscito da política capitalista e se mostram como insuficiente mecanismo para o resgate da nossa soberania. O povo desiludido não deixa de ser povo e o povo abstencionista não deixa de ser povo. Por isso mesmo, não deixa de ser legítimo defender e lutar para entregar o poder ao povo e muito menos deixa de ser legítimo conceber o tabuleiro da luta de classes como um terreno que extravasa em muito o limitado campo eleitoral. A força criadora do povo é ilimitada e não se contém dentro de parlamentos nem em leis ou decretos.

Fazer a luta na rua, nas empresas, escolas, ocupar as fábricas, auto-geri-las, aplicar o controlo operário, a acção directa, ocupar a terra devoluta e cultivá-la, boicotar a autocracia escolar, fazer o poder no terreno, são patamares da luta que se devem ter como horizontes constantes, na medida em que a nosso lado marchem a massas e a sua potência transformadora e revolucionária.