Coisa rara, liguei o televisor que ali tenho na sala. Por mero acaso passei pela Sic notícias, onde uma tal de Inês Serra Lopes e uma Maria João Silva se banhavam em suas próprias inteligências, em canções masturbatórias de fazedoras de opinião, estatuto que certamente acolhem com deleite.
Estava eu esperando a asneirada do costume, quando a D. Inês salta com uma frase do estilo "...não podemos pôr os deputados todos no mesmo saco. Há deputados bons e deputados maus, uns que fazem muito e outros tendencialmente nada." Eis que me tomou de assalto e de boa surpresa tal frase. Pensei ainda: "querem ver que vai dizer uma jeito...". Mas foi sol de pouca dura porque logo depois cita como deputados exemplares dois tipos quaisquer do passado parlamentar português pertencentes ao PSD. Maria João Silva ainda retorquiu exaltando o carácter de Matilde Sousa Franco (desafio a consultar o site do parlamento - www.parlamento.pt - para verificar que esta Deputada é autora de 4 magníficos projectos de lei, 2 projectos de resolução e 4 requerimentos ao Governo). Curiosamente, para falar de deputados que não são todos iguais, Inês e Maria escolhem os deputados mais iguais que pode haver.
Mas a coisa piora: depois de ter elogiado quatro ou cinco deputados, entre os quais Zita Seabra (que afinal faltou às votações de sexta feira porque não queria votar de acordo com o seu partido - o PSD e não por desleixo, desenganem-se os maldosos), o painel de ilustres pensadoras (Inês e Maria) ainda atira que o grande problema não são, como depois de tanto elogio se torna evidente, os deputados. O grande problema são os partidos. Esses sim, culpados de tudo quanto há de mau no parlamento português. Porque não se renovam, porque não dão oportunidade aos deputados para trabalhar, porque impõem as orientações de voto, e por aí fora.
Ora se eu estou não estou de acordo que metam no mesmo saco todos os deputados, menos ainda aceitarei que se metam no mesmo saco todos os partidos. Com efeito, é curioso verificar que neste debate apenas se falou de PS e PSD. Excluídos, voluntária e deliberadamente estou certo, ficaram todos os restantes, a saber: PEV, BE, CDS-PP, PCP. E basta consultar o mesmo www.parlamento.pt para verificar que qualquer deputado de qualquer desses partidos terá feito bastante mais que qualquer deputado do PS e do PSD, em autoria de iniciaitivas, em deslocações e visitas, em requerimentos e perguntas ao Governo. Refiro todos porque estou certo de que assim será. No entanto, não seria possível não destacar o Grupo Parlamentar que mais trabalha, que mais propõe, que mais fiscaliza: o do PCP. Desafio a visitar esse site e verificar quantas iniciativas, quantas perguntas e requerimentos, quantos projectos terá apresentado qualquer um dos comunistas eleitos na Assembleia.
Esses abutres velhos, essas "ineses" e "marias", bem podem continuar cumprindo o seu papel contra a democracia, contra os partidos enquanto pilares dessa mesma democracia, mas não poderão nunca apagar o papel que alguns desses partidos desempenham, dignificando a política e mostrando cada vez mais claramente, que os partidos NÃO SÃO TODOS IGUAIS.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
gazeta política
Podia ser o nome de um jornal de referência, mas é uma prática comum no parlamento português. Comentadores, jornalistas e analistas tentam fazer dela uma novidade, quando as faltas de deputados às reuniões plenárias da Assembleia da República existem desde que existe Assembleia da República. O mais engraçado é ver como todos em coro tentam com isto castigar os partidos e os "políticos" em geral. É uma magna oportunidade para falar da "Assembleia", do "Parlamento", dos "partidos", dos "políticos".
E para aqueles que têm andado por aí a afiar as gânfias contra os partidos e mesmo contra a democracia, cada falta de um deputado é um doce que se lhes dá. Ora não me cabe, por falta de vontade e ausência de mandato, vir aqui defender os deputados. Antes pelo contrário cabe-me atacar muitos deles pela forma vil e torpe como concebem e efectuam o exercício do mandato que o povo lhes confiou através do voto.
Mas o que é mais importante no meio disto tudo é que esta é uma oportunidade, não para atacar a democracia, mas para destacar o trigo do joio. Para evidenciar o carácter de cada grupo parlamentar. Mas ainda mais importante que tudo isso, e aí é que está a questão fulcral que ninguém diz nos jornais ou na TV, é a política projectada e executada por cada força política.
Os deputados do Partido Comunista Português não faltam às votações, a não ser que outra tarefa política lhes tenha sido atribuída. Os deputados do PCP não se abarbatam ao salário, entregam-no ao Partido para respeitar o princípio de "não ser beneficiado nem prejudicado em cargos públicos", os deputados do PCP participam nas mais variadas vertentes do trabalho parlamentar independentemente do mediatismo que tenham, os deputados do PCP deslocam-se ao contacto com as populações praticamente todos os dias, e não só em dias de campanha eleitoral. Mas muito mais do que isso, o PCP, através desses deputados, cultiva e propõe uma política diferente: ao serviço do povo, ao serviço dos trabalhadores e das necessidades e interesses nacionais.
É esse compromisso entre o PCP e o povo português que dá a esse Grupo Parlamentar características próprias, por serem desse partido e por mais nenhuma outra razão. Mais importante que analisar as faltas e com isso culpabilizar "os partidos todos iguais", importa denunciar o essencial: a política de cada grupo parlamentar, as suas propostas, os seus projectos ou ausência deles; isso sim, verdadeira causa do estado em que o país se encontra.
E para aqueles que têm andado por aí a afiar as gânfias contra os partidos e mesmo contra a democracia, cada falta de um deputado é um doce que se lhes dá. Ora não me cabe, por falta de vontade e ausência de mandato, vir aqui defender os deputados. Antes pelo contrário cabe-me atacar muitos deles pela forma vil e torpe como concebem e efectuam o exercício do mandato que o povo lhes confiou através do voto.
Mas o que é mais importante no meio disto tudo é que esta é uma oportunidade, não para atacar a democracia, mas para destacar o trigo do joio. Para evidenciar o carácter de cada grupo parlamentar. Mas ainda mais importante que tudo isso, e aí é que está a questão fulcral que ninguém diz nos jornais ou na TV, é a política projectada e executada por cada força política.
Os deputados do Partido Comunista Português não faltam às votações, a não ser que outra tarefa política lhes tenha sido atribuída. Os deputados do PCP não se abarbatam ao salário, entregam-no ao Partido para respeitar o princípio de "não ser beneficiado nem prejudicado em cargos públicos", os deputados do PCP participam nas mais variadas vertentes do trabalho parlamentar independentemente do mediatismo que tenham, os deputados do PCP deslocam-se ao contacto com as populações praticamente todos os dias, e não só em dias de campanha eleitoral. Mas muito mais do que isso, o PCP, através desses deputados, cultiva e propõe uma política diferente: ao serviço do povo, ao serviço dos trabalhadores e das necessidades e interesses nacionais.
É esse compromisso entre o PCP e o povo português que dá a esse Grupo Parlamentar características próprias, por serem desse partido e por mais nenhuma outra razão. Mais importante que analisar as faltas e com isso culpabilizar "os partidos todos iguais", importa denunciar o essencial: a política de cada grupo parlamentar, as suas propostas, os seus projectos ou ausência deles; isso sim, verdadeira causa do estado em que o país se encontra.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
a diferença é substancial
Por que será que sempre que alguém fala em "convergências" todos à volta entendem "coligação eleitoral"?
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
tempo de começarem a falar verdade
uma vez mais, o tempo das cerejas clama à honestidade e chama a verdade cá acima onde todos a podem ler. pena é que estas belas "respostas" do vítor dias não gozem da mesma cobertura que qualquer escarro jornalístico num jornal.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Suspensão é a solução... para já!
A tentativa desesperada de actuar sobre a opinião pública é cada vez mais óbvia, tanto quanto é cada vez mais patética. Perdida que está a ministra da educação no próprio sistema que supostamente gere - o sistema educativo - tenta agora virar-se para a já habitual estratégia de dividir a opinião pública.
Tenta a Srª Ministra agora parecer que alterou muita coisa sem nada ter alterado. Politicamente o modelo de avaliação não sofreu nenhuma alteração. Legalmente mantém-se tal qual como há uma semana atrás. Mesmo a suposta simplificação do modelo e da aplicação anunciada ontem com dramatismo na TV, não colhe fundamentação legal nos documentos aprovados pelo próprio governo. Bem pode vir agora fingir arrependimentos, bem pode como uma louca vir acusar o seu próprio modelo de tudo e mais alguma coisa, como aparentemente até fez para algumas questões, mas não pode iludir que a orientação política de introdução de quotas de avaliação, de instrumentalização governamental das escolas, de aplicação de gestão empresarial às escolas e de desarticulação do papel e dos direitos dos professores.
Dizer agora que vai simplificar o intolerável, limpar de burocracias o irrazoável é apenas mais uma tentativa de nos fazer tentar confundir a árvore com a floresta. O essencial é a política e a orientação de direita por detrás deste modelo de avaliação, o essencial é o ataque que ele representa perantes os direitos dos trabalhadores da educação, é a forma como tenta virar todos contra os professores, lançando a ideia de que não são, não foram e não querem ser avaliados.
Uma vez mais a minstra e o governo falham na necessária aproximação às necessidades do sistema educativo e do país. Uma vez mais se mostram absolutamente insensíveis, irracionais e arrogantes na imposição das suas políticas a bem ou a mal. A ministra quer fazer-nos crer que está a ceder. No entanto, nega-se a cessar o processo ou a suspender. É como dizer que quer paz e não parar os canhões e as armas.
Suspensão é a única solução!
Tenta a Srª Ministra agora parecer que alterou muita coisa sem nada ter alterado. Politicamente o modelo de avaliação não sofreu nenhuma alteração. Legalmente mantém-se tal qual como há uma semana atrás. Mesmo a suposta simplificação do modelo e da aplicação anunciada ontem com dramatismo na TV, não colhe fundamentação legal nos documentos aprovados pelo próprio governo. Bem pode vir agora fingir arrependimentos, bem pode como uma louca vir acusar o seu próprio modelo de tudo e mais alguma coisa, como aparentemente até fez para algumas questões, mas não pode iludir que a orientação política de introdução de quotas de avaliação, de instrumentalização governamental das escolas, de aplicação de gestão empresarial às escolas e de desarticulação do papel e dos direitos dos professores.
Dizer agora que vai simplificar o intolerável, limpar de burocracias o irrazoável é apenas mais uma tentativa de nos fazer tentar confundir a árvore com a floresta. O essencial é a política e a orientação de direita por detrás deste modelo de avaliação, o essencial é o ataque que ele representa perantes os direitos dos trabalhadores da educação, é a forma como tenta virar todos contra os professores, lançando a ideia de que não são, não foram e não querem ser avaliados.
Uma vez mais a minstra e o governo falham na necessária aproximação às necessidades do sistema educativo e do país. Uma vez mais se mostram absolutamente insensíveis, irracionais e arrogantes na imposição das suas políticas a bem ou a mal. A ministra quer fazer-nos crer que está a ceder. No entanto, nega-se a cessar o processo ou a suspender. É como dizer que quer paz e não parar os canhões e as armas.
Suspensão é a única solução!
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Luís e Catarina
O Luís e a Catarina são militantes da Juventude Comunista Portuguesa e foram condenados por exercerem um direito que uma qualquer juíz quis travestir de crime. O Luís e a Catarina são dois jovens comunistas que pintaram um mural. Seguravam na mão as trinchas de um colectivo e pintaram palavras de todos os jovens comunistas deste país: "transformar o sonho em vida", retiradas de uma frase de Álvaro Cunhal dirigidas ao Congresso de Unificação das Juventudes de 1979 (que uniria a União de Jovens Comunistas e a União de Estudantes Comunistas, formando a Juventude Comunista Portugesa).~
O Luís e a Catarina empenham diariamente os seus esforços para defender os jovens com quem se relacionam, para denunciar e combater as políticas que prejudicam a juventude portuguesa. O Luís e a Catarina partilham com milhares de jovens portugeses o "sonho" de transformar esta realidade numa outra, mais justa, mais fraterna, mais solidária. O Luís e a Catarina nunca se limitaram a reproduzir a cassete do sistema em que vivem, nunca ficaram contentes com o que lerem nas notícias, nunca ignoraram o sofrimento que se alastra pelo mundo e pelo seu país. O Luís e a Catarina nunca se limitaram a dizer que as coisas estão mal, nunca se satisfizeram com o trabalho dos outros. Eles, o Luís e a Catarina, chamaram a suas próprias mãos a construção do nosso futuro colectivo.
O Luís e a Catarina não pintaram um mural qualquer. Eles pintaram um mural que é a expressão política de uma organização juvenil que não se rende e que teima em construir a alternativa política: a socialista. Eles pintaram um mural político com uma mensagem de esperança para todos os jovens de Viseu. Para que todos soubessem que é possível transformar, que há quem o faça diariamente e que todos se podem juntar.
Eles nunca diminuiram salários a ninguém, nunca fecharam fábricas nem condenaram famílias à miséria; eles nunca venderam o que é de todos a um punhado de magnatas; eles nunca protegeram criminosos nem deram guarida a corruptos; eles nunca manipularam o sistema legal, nem puseram amigos na administração pública; eles nunca determinaram a diminuição do valor das pensões; nunca privatizaram os nossos recursos; nunca desviaram dinheiros públicos para circuitos privados; eles nunca apadrinharam genocídios, nem defenderam guerras sanguinárias; eles não enviaram soldados para o Iraque, para o Afeganistão; nunca mentiram ao povo português, nem tampouco o abandonaram. O Luís e a Catarina nunca se calaram perante a injustiça, pelo contrário, contam-se entre os que levantam as vozes por princípios e direitos ao mínimo sinal de ataque. Eles nunca quiseram cursos superiores de borla; nunca enganaram o sistema fiscal. O crime deles é doutra natureza: daquela que enche um comunista de orgulho que é nunca calar e nunca abdicar de seus princípios. O crime deles é serem jovens comunistas num mundo que insiste em espalhar que tal coisa não existe.
O tribunal condenou ilegalmente o Luís e a Catarina por pintarem um mural onde afirmavam o seu ideal, onde desafiavam todos a dar o seu contributo a combater os criminosos que hoje se abraçam ao poder político e económico. Diz o tribunal que pintar um viaduto constitui crime de dano simples. Quem tal determina acaba de cometer o crime de dano à República e esse é qualificado e não simples.
Toda a solidariedade com o Luís e a Catarina!
Toda a solidariedade com a Juventude Comunista Portuguesa!
"Continuaremos a pintar murais!"
O Luís e a Catarina empenham diariamente os seus esforços para defender os jovens com quem se relacionam, para denunciar e combater as políticas que prejudicam a juventude portuguesa. O Luís e a Catarina partilham com milhares de jovens portugeses o "sonho" de transformar esta realidade numa outra, mais justa, mais fraterna, mais solidária. O Luís e a Catarina nunca se limitaram a reproduzir a cassete do sistema em que vivem, nunca ficaram contentes com o que lerem nas notícias, nunca ignoraram o sofrimento que se alastra pelo mundo e pelo seu país. O Luís e a Catarina nunca se limitaram a dizer que as coisas estão mal, nunca se satisfizeram com o trabalho dos outros. Eles, o Luís e a Catarina, chamaram a suas próprias mãos a construção do nosso futuro colectivo.
O Luís e a Catarina não pintaram um mural qualquer. Eles pintaram um mural que é a expressão política de uma organização juvenil que não se rende e que teima em construir a alternativa política: a socialista. Eles pintaram um mural político com uma mensagem de esperança para todos os jovens de Viseu. Para que todos soubessem que é possível transformar, que há quem o faça diariamente e que todos se podem juntar.
Eles nunca diminuiram salários a ninguém, nunca fecharam fábricas nem condenaram famílias à miséria; eles nunca venderam o que é de todos a um punhado de magnatas; eles nunca protegeram criminosos nem deram guarida a corruptos; eles nunca manipularam o sistema legal, nem puseram amigos na administração pública; eles nunca determinaram a diminuição do valor das pensões; nunca privatizaram os nossos recursos; nunca desviaram dinheiros públicos para circuitos privados; eles nunca apadrinharam genocídios, nem defenderam guerras sanguinárias; eles não enviaram soldados para o Iraque, para o Afeganistão; nunca mentiram ao povo português, nem tampouco o abandonaram. O Luís e a Catarina nunca se calaram perante a injustiça, pelo contrário, contam-se entre os que levantam as vozes por princípios e direitos ao mínimo sinal de ataque. Eles nunca quiseram cursos superiores de borla; nunca enganaram o sistema fiscal. O crime deles é doutra natureza: daquela que enche um comunista de orgulho que é nunca calar e nunca abdicar de seus princípios. O crime deles é serem jovens comunistas num mundo que insiste em espalhar que tal coisa não existe.
O tribunal condenou ilegalmente o Luís e a Catarina por pintarem um mural onde afirmavam o seu ideal, onde desafiavam todos a dar o seu contributo a combater os criminosos que hoje se abraçam ao poder político e económico. Diz o tribunal que pintar um viaduto constitui crime de dano simples. Quem tal determina acaba de cometer o crime de dano à República e esse é qualificado e não simples.
Toda a solidariedade com o Luís e a Catarina!
Toda a solidariedade com a Juventude Comunista Portuguesa!
"Continuaremos a pintar murais!"
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Falta de chá
A Ministra da Educação anunciou ontem durante a audição com a Comissão Parlamentar de Educação e Ciência que os professores estão a resistir a uma mudança que é positiva e que a ela lhe cabe defender o país e não os interesses corporativos dos professores. Assim recorre uma vez mais ao estafado expediente de tentar dividir o povo. Dizia a Ministra - esse agente obscuro deste governo - que lhe desculpem os professores por ela estar a mexer nos interesses próprios da sua classe, mas que é para bem de todos.
A ministra quer fazer-nos crer que os interesses dos professores são diferentes do interesse nacional. E neste aspecto concreto não são de todo. A luta dos professores corresponde objectivamente à luta em defesa da escola pública e, por consequência, à luta pelo interesse nacional.
Como pode a ministra que faz isto para bem de todos, quando o povo português vive hoje pior do que vivia em 2005? Então e o ataque aos pensionistas, reformados e idosos é para defender quem? E o ataque aos direitos dos trabalhadores por conta de outrém é para favorecer quem? E o ataque aos estudantes do ensino superior e dos ensinos básico e secundário favorece quem? E o ataque e limitação às liberdades, direitos e garantias democráticas é para defender quem? E a desvalorização das forças de segurança e das forças armadas é do interesse de quem?
A ver se a gente se entende. Por que há-de pensar a tal de ministra que engana assim tão facilmente o povo? Uma breve olhada pelo panorama dos ataques, limitações e destruição de direitos rapidamente nos mostra que não há camada profissional ou classe trabalhadora que esteja de fora do ataque revanchista, cripto-fascista e anti-democrático que este governo tem dirigido a todos, a TODOS, pois não fica nenhum de fora.
A não ser, claro está, o punhado de parasitas que desbaratam a riqueza nacional e que vivem à sombra dos esforços de quem trabalha. Esses sim, sempre beneficiados pelo sacrifício colectivo que nos é imposto. Banqueiros, administradores e gestores milionários a quem a crise engorda os bolsos, a quem aproveita a política do governo. Será esse o interesse nacional a que se refere a ministra da educação, verdadeira nemesis do sistema educativo.
A ministra quer fazer-nos crer que os interesses dos professores são diferentes do interesse nacional. E neste aspecto concreto não são de todo. A luta dos professores corresponde objectivamente à luta em defesa da escola pública e, por consequência, à luta pelo interesse nacional.
Como pode a ministra que faz isto para bem de todos, quando o povo português vive hoje pior do que vivia em 2005? Então e o ataque aos pensionistas, reformados e idosos é para defender quem? E o ataque aos direitos dos trabalhadores por conta de outrém é para favorecer quem? E o ataque aos estudantes do ensino superior e dos ensinos básico e secundário favorece quem? E o ataque e limitação às liberdades, direitos e garantias democráticas é para defender quem? E a desvalorização das forças de segurança e das forças armadas é do interesse de quem?
A ver se a gente se entende. Por que há-de pensar a tal de ministra que engana assim tão facilmente o povo? Uma breve olhada pelo panorama dos ataques, limitações e destruição de direitos rapidamente nos mostra que não há camada profissional ou classe trabalhadora que esteja de fora do ataque revanchista, cripto-fascista e anti-democrático que este governo tem dirigido a todos, a TODOS, pois não fica nenhum de fora.
A não ser, claro está, o punhado de parasitas que desbaratam a riqueza nacional e que vivem à sombra dos esforços de quem trabalha. Esses sim, sempre beneficiados pelo sacrifício colectivo que nos é imposto. Banqueiros, administradores e gestores milionários a quem a crise engorda os bolsos, a quem aproveita a política do governo. Será esse o interesse nacional a que se refere a ministra da educação, verdadeira nemesis do sistema educativo.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Manifestações em defesa da Escola Pública
As escolas estão sob fogo, e os professores e estudantes são os primeiros a sentir a ofensiva. A política de direita do PS encontra na Escola Pública um obstáculo à prossecução da sua estratégia de desmantelamento do Estado.
Dia 5 de Novembro - a maior manifestação de estudantes do ensino secundário dos últimos 4 anos trouxe às ruas de diversas cidades e vilas do país mais de 30 mil estudantes contra o Estatuto do Aluno, contra os Exames Nacionais, contra o fim da gestão democrática das escolas, pela melhoria das condições materiais e humanas, pelo fim dos processos de privatização de cantinas e papelarias e pela Educação Sexual nas escolas.
Dia 8 de Novembro - 8 meses depois da grandiosa manifestação de mais de 100 mil professores nas ruas de Lisboa, mais de 120 mil juntam-se de novo, reforçando a luta contra esta política de ataque ao sistema educativo.
Perante isto, o Governo acentua a sua arrogância e prepotência. Instrumentos dos fracos, pois demonstram o seu carácter anti-democrático e a sua incapacidade para confrontar os adversários. Fracos, mentirosos, arrogantes e cobardes.
Dia 5 de Novembro - a maior manifestação de estudantes do ensino secundário dos últimos 4 anos trouxe às ruas de diversas cidades e vilas do país mais de 30 mil estudantes contra o Estatuto do Aluno, contra os Exames Nacionais, contra o fim da gestão democrática das escolas, pela melhoria das condições materiais e humanas, pelo fim dos processos de privatização de cantinas e papelarias e pela Educação Sexual nas escolas.
Dia 8 de Novembro - 8 meses depois da grandiosa manifestação de mais de 100 mil professores nas ruas de Lisboa, mais de 120 mil juntam-se de novo, reforçando a luta contra esta política de ataque ao sistema educativo.
Perante isto, o Governo acentua a sua arrogância e prepotência. Instrumentos dos fracos, pois demonstram o seu carácter anti-democrático e a sua incapacidade para confrontar os adversários. Fracos, mentirosos, arrogantes e cobardes.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
por que nos acusas?
A JS (Juventude Socialista), pela voz do seu próprio Secretário-Geral anunciou aos jornais - e esses prontamente o ouviram, pois claro - que a luta dos estudantes do ensino secundário que decorreu hoje por todo o país e constituindo um estrondoso êxito contra a política de desmantelamento da escola pública que este governo prossegue, era uma manobra política da JCP (Juventude Comunista Portuguesa).
Assim, e para provar a sua tese acusatória (pensa a JS que a JCP usa os seus métodos de instrumentalização do movimento associativo estudantil?) a JS disponibilizou aos jornalistas o contacto telefónico de três militantes dessa estrutura e estudantes do ensino secundário que testemunharam aos jornais o quão contentes estavam com as políticas do governo. Dúvidas houvesse, "João Tiago não hesitou: «somos socialistas, o que o partido achar nós também achamos.», lê-se no JN de 5 de Novembro. Resta que a peça jornalística - tão pobre quanto as declarações do Secretário-Geral da JS, identifique ou pelo menos lance umas pistas sobre quem será João Tiago e por que motivos ouviu tão ilustre figura do panorama estudantil português (ninguém sabe que é esse rapazote, nem o jornal se dá ao trabalho de explicar - provavelmente a rapariga que escreveu o artigo até se tinha dado ao trabalho de explicar, mas o editor cortou a eito pelas linhas adentro e o artigo ficou uma das mais pobres peças de jornalismo que já li).
Mas o que importa é que, exactamente cinco anos passados sobre a maior manifestação de estudantes desde o 25 de abril de 1974, os estudantes do ensino secundário levaram a cabo uma intensa jornada de luta, denunciando que tudo vai mal na escola pública. Afinal, os estudantes quando falam, protestam e não sorriem como os figurantes que o governo contrata para fazer de público nas suas iniciativas de propaganda. Exactamente cinco anos após a manifestação contra a lei do financiamento, protagonizada pelos estudantes do Ensino Superior de todo o país, realiza-se uma grande e mobilizadora luta nacional descentralizada dos estudantes do básico e secundário.
Lugares, lugarejos, vilas e cidades, em quase todo o canto onde se planta uma escola pública, os estudantes, muitas vezes com um trabalho importante das suas associações estudantis, realizaram uma demonstração de democracia verdadeira - participaram!
A JCP, como não poderia deixar de fazer tendo em conta os seus compromissos com a juventude portuguesa, empenhou-se no sucesso desta luta. Orientou os seus militantes do ensino secundário para que contribuíssem para o êxito, para que divulgassem e mobilizassem, para que organizassem e agitassem. Mas acima de tudo alertou, consciencializou e mobilizou outros estudantes não comunistas mas igualmente defensores da Escola Pública. E mais não fez que a sua obrigação. A JCP também saudou a luta estudantil e o seu sucesso incontornável - fê-lo porque sempre o faz quando a luta é justa, fê-lo porque cumpre também assim um dever seu de estar ao lado dos que lutam por um sistema educativo melhor, contra os exames nacionais, o estatuto do aluno, por melhores condições materiais e humanas e pela educação sexual nas escolas. Fê-lo, não com vergonha nem encapotadamente, mas com o orgulho de quem está do lado certo da barricada e com o empenho de quem não se esconde porque os estudantes sabem que não é a JCP que manipula, instrumentaliza e governamentaliza as associações de estudantes.
A JS, em desespero, identificou uma luta que abrangeu 30 mil estudantes por todo o país com a JCP. Com isso a JS despreza o valor da luta, ignora o descontentamento estudantil e usa o velho truque político do anti-comunismo para tentar desvalorizar a manifestação democrática. Os estudantes saberão, como sempre souberam, responder. A seu tempo.
A JS acusou a JCP de estar ao lado dos que lutam, e está. Acusou a JCP de estar com as associações e com os estudantes a defender a escola pública, e está. Por que nos acusas?
Viva a luta dos estudantes!
Assim, e para provar a sua tese acusatória (pensa a JS que a JCP usa os seus métodos de instrumentalização do movimento associativo estudantil?) a JS disponibilizou aos jornalistas o contacto telefónico de três militantes dessa estrutura e estudantes do ensino secundário que testemunharam aos jornais o quão contentes estavam com as políticas do governo. Dúvidas houvesse, "João Tiago não hesitou: «somos socialistas, o que o partido achar nós também achamos.», lê-se no JN de 5 de Novembro. Resta que a peça jornalística - tão pobre quanto as declarações do Secretário-Geral da JS, identifique ou pelo menos lance umas pistas sobre quem será João Tiago e por que motivos ouviu tão ilustre figura do panorama estudantil português (ninguém sabe que é esse rapazote, nem o jornal se dá ao trabalho de explicar - provavelmente a rapariga que escreveu o artigo até se tinha dado ao trabalho de explicar, mas o editor cortou a eito pelas linhas adentro e o artigo ficou uma das mais pobres peças de jornalismo que já li).
Mas o que importa é que, exactamente cinco anos passados sobre a maior manifestação de estudantes desde o 25 de abril de 1974, os estudantes do ensino secundário levaram a cabo uma intensa jornada de luta, denunciando que tudo vai mal na escola pública. Afinal, os estudantes quando falam, protestam e não sorriem como os figurantes que o governo contrata para fazer de público nas suas iniciativas de propaganda. Exactamente cinco anos após a manifestação contra a lei do financiamento, protagonizada pelos estudantes do Ensino Superior de todo o país, realiza-se uma grande e mobilizadora luta nacional descentralizada dos estudantes do básico e secundário.
Lugares, lugarejos, vilas e cidades, em quase todo o canto onde se planta uma escola pública, os estudantes, muitas vezes com um trabalho importante das suas associações estudantis, realizaram uma demonstração de democracia verdadeira - participaram!
A JCP, como não poderia deixar de fazer tendo em conta os seus compromissos com a juventude portuguesa, empenhou-se no sucesso desta luta. Orientou os seus militantes do ensino secundário para que contribuíssem para o êxito, para que divulgassem e mobilizassem, para que organizassem e agitassem. Mas acima de tudo alertou, consciencializou e mobilizou outros estudantes não comunistas mas igualmente defensores da Escola Pública. E mais não fez que a sua obrigação. A JCP também saudou a luta estudantil e o seu sucesso incontornável - fê-lo porque sempre o faz quando a luta é justa, fê-lo porque cumpre também assim um dever seu de estar ao lado dos que lutam por um sistema educativo melhor, contra os exames nacionais, o estatuto do aluno, por melhores condições materiais e humanas e pela educação sexual nas escolas. Fê-lo, não com vergonha nem encapotadamente, mas com o orgulho de quem está do lado certo da barricada e com o empenho de quem não se esconde porque os estudantes sabem que não é a JCP que manipula, instrumentaliza e governamentaliza as associações de estudantes.
A JS, em desespero, identificou uma luta que abrangeu 30 mil estudantes por todo o país com a JCP. Com isso a JS despreza o valor da luta, ignora o descontentamento estudantil e usa o velho truque político do anti-comunismo para tentar desvalorizar a manifestação democrática. Os estudantes saberão, como sempre souberam, responder. A seu tempo.
A JS acusou a JCP de estar ao lado dos que lutam, e está. Acusou a JCP de estar com as associações e com os estudantes a defender a escola pública, e está. Por que nos acusas?
Viva a luta dos estudantes!
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Segurança nas Escolas- depois admirem-se
A Comissão Parlamentar de Educação e Ciência aprovou com os votos favoráveis do PS, do PSD, do CDS e do BE um novo relatório sobre a segurança nas escolas. Já no passado ano, todo o processo descrito aqui e aqui deu origem a um famigerado processo de ataque aos direitos dos estudantes, nomeadamente desaguando na aprovação do Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário.
O PS não supreende, como é óbvio. Basta ler o Relatório no site da comissão de educação que estará disponível em breve, certamente. Das conclusões podem ler-se coisas como:
"
Os sistemas de alarmes e de vídeo-vigilância visam a protecção das instalações e sobretudo dos equipamentos, nomeadamente ao nível das tecnologias da informação e comunicação, reforçados no âmbito do Plano Tecnológico da Educação e serão, certamente, um importante factor de protecção para as escolas, não substituindo a existência de outros recursos, nomeadamente humanos e de segurança em cada estabelecimento de ensino. "
ou
"
A liderança da escola/Agrupamento continua a ser salientada com um factor determinante para os resultados obtidos, importando concretizar e reforçar o processo de autonomia das escolas, nomeadamente ao nível financeiro e organizacional. Constatamos que as situações e os recursos não são iguais em todas as escolas, o que reforça a orientação de responder aos diferentes contextos, apresentados por cada Escola/Agrupamento, no âmbito da sua autonomia através da correspondente contratualização."
e
"
Deve privilegiar-se a componente de natureza lúdico-recreativa e de matriz socializante das AECs-Actividades de Enriquecimento Curricular, evitando a sua disciplinarização"
Além disto, o relatório não faz uma única referência à degradação da qualidade de vida das populações, não menciona o desemprego, a pobreza, o elitismo entre escolas e entre turmas, não refere nem ao de leve a estratégia de desvalorização dos professores, não toca na importância da gestão democrática dos estabelecimentos de ensino.
Uma vez mais, PS, PSD, CDS e BE mostram o que apoiam, o que subscrevem e os conceitos que partilham. Depois admirem-se que venham mais câmaras de vídeo, mais estatutos do aluno, mais diplomas para reforçar a liderança das escolas e outras que tais.
O PS não supreende, como é óbvio. Basta ler o Relatório no site da comissão de educação que estará disponível em breve, certamente. Das conclusões podem ler-se coisas como:
"
Os sistemas de alarmes e de vídeo-vigilância visam a protecção das instalações e sobretudo dos equipamentos, nomeadamente ao nível das tecnologias da informação e comunicação, reforçados no âmbito do Plano Tecnológico da Educação e serão, certamente, um importante factor de protecção para as escolas, não substituindo a existência de outros recursos, nomeadamente humanos e de segurança em cada estabelecimento de ensino. "
ou
"
A liderança da escola/Agrupamento continua a ser salientada com um factor determinante para os resultados obtidos, importando concretizar e reforçar o processo de autonomia das escolas, nomeadamente ao nível financeiro e organizacional. Constatamos que as situações e os recursos não são iguais em todas as escolas, o que reforça a orientação de responder aos diferentes contextos, apresentados por cada Escola/Agrupamento, no âmbito da sua autonomia através da correspondente contratualização."
e
"
Deve privilegiar-se a componente de natureza lúdico-recreativa e de matriz socializante das AECs-Actividades de Enriquecimento Curricular, evitando a sua disciplinarização"
Além disto, o relatório não faz uma única referência à degradação da qualidade de vida das populações, não menciona o desemprego, a pobreza, o elitismo entre escolas e entre turmas, não refere nem ao de leve a estratégia de desvalorização dos professores, não toca na importância da gestão democrática dos estabelecimentos de ensino.
Uma vez mais, PS, PSD, CDS e BE mostram o que apoiam, o que subscrevem e os conceitos que partilham. Depois admirem-se que venham mais câmaras de vídeo, mais estatutos do aluno, mais diplomas para reforçar a liderança das escolas e outras que tais.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
perenidade vs caducidade
As folhas caducas são aquelas que caem das árvores durante o outono. Nessas cessa completamente a vida, deixando a árvore despida durante cerca de seis meses até que venha uma Primavera. A folhagem perene é, pelo contrário, aquela que, em permanente renovação, nunca deixa a árvore nua.
Rosa Luxemburgo afirmou uma vez que ignorar os desenvolvimentos históricos do movimento revolucionário e voltar a um passado anterior a Marx, não seria apenas voltar ao Bê-À-Bá da teoria, mas seria um comportamento reaccionário em si mesmo. Com outras palavras o disse, mas o essencial é isso e escrevo porque concordo.
A organização sindical é uma das frentes mais importantes do movimento operário e, no geral, do movimento de todos os trabalhadores, independentemente da área da Educação. O movimento, entendido de forma abstracta, foi originando ao longo dos tempos formas concretas de organização e intervenção. No mundo do trabalho, os "espontaneismos", os "aventureirismos" foram dando lugar a uma acção mais consequente, coesa e necessariamente unitária. Cedo os trabalhadores de todos os sectores se aperceberam que a consolidação dos movimentos episódicos era uma exigência, sob pena de nunca serem cimentadas as conquistas pontuais e, pior ainda, de não serem partilhadas as experiências e discutidas democraticamente entre iguais, as exigências e reivindicações.
O "movimento" nessa forma invertebrada foi substituído pela organização perene. O "movimento" estanca como as ondas, a organização persiste como a maré.
Hoje, os individualismos, os esquerdismos, o poder político, tudo fazem para atacar o verdadeiro movimento de trabalhadores e sabem bem que o movimento dos trabalhadores são os sindicatos. Esses sim, democraticamente legitimados, construídos colectivamente, com obrigação de prestar contas a seus associados com regularidade, esses sim, com a merecida e legítima representatividade do sector.
Os "movimentos" como agora tentam chamar a grupelhos auto-nomeados, mais não são que as folhas caducas que pontuam as primaveras, deguarnecendo os invernos. O verdadeiro movimento é perpétuo, é sindicato e partido, que não vira as costas à luta nem nas mais duras tempestades. É uma floresta perene.
Rosa Luxemburgo afirmou uma vez que ignorar os desenvolvimentos históricos do movimento revolucionário e voltar a um passado anterior a Marx, não seria apenas voltar ao Bê-À-Bá da teoria, mas seria um comportamento reaccionário em si mesmo. Com outras palavras o disse, mas o essencial é isso e escrevo porque concordo.
A organização sindical é uma das frentes mais importantes do movimento operário e, no geral, do movimento de todos os trabalhadores, independentemente da área da Educação. O movimento, entendido de forma abstracta, foi originando ao longo dos tempos formas concretas de organização e intervenção. No mundo do trabalho, os "espontaneismos", os "aventureirismos" foram dando lugar a uma acção mais consequente, coesa e necessariamente unitária. Cedo os trabalhadores de todos os sectores se aperceberam que a consolidação dos movimentos episódicos era uma exigência, sob pena de nunca serem cimentadas as conquistas pontuais e, pior ainda, de não serem partilhadas as experiências e discutidas democraticamente entre iguais, as exigências e reivindicações.
O "movimento" nessa forma invertebrada foi substituído pela organização perene. O "movimento" estanca como as ondas, a organização persiste como a maré.
Hoje, os individualismos, os esquerdismos, o poder político, tudo fazem para atacar o verdadeiro movimento de trabalhadores e sabem bem que o movimento dos trabalhadores são os sindicatos. Esses sim, democraticamente legitimados, construídos colectivamente, com obrigação de prestar contas a seus associados com regularidade, esses sim, com a merecida e legítima representatividade do sector.
Os "movimentos" como agora tentam chamar a grupelhos auto-nomeados, mais não são que as folhas caducas que pontuam as primaveras, deguarnecendo os invernos. O verdadeiro movimento é perpétuo, é sindicato e partido, que não vira as costas à luta nem nas mais duras tempestades. É uma floresta perene.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Autoridade Nacional
Tendo de nos adaptar às nomenclaturas e taxonomias do sistema, às modernices e particularmente às evoluções do dia-a-dia, a linguagem séria, concreta e minimamente ponderada é substituída por uma vaga, ligeira, facilmente apreensível e falaciosa.
O estímulo à racionalidade crítica deu lugar aos comentadores de política, fabricados na televisão e jornais; a arte dá lugar ao lixo descartável produzido em série nos estúdios de cinema e nas editoras musicais; a cultura é substituída por um culto de consumo irracional e a solidariedade e comportamentos colectivos são substituídos por um insaciável individualismo e competição desenfreada.
A cultura chega-nos mastigada à alma, sem o gosto de um prato gastronómico e bem à maneira de alimentação por soro via intravenosa. A política é tratada como uma novela barata e a disseminação da doutrina é feita de tal maneira que todos nos julgamos esclarecidos sem reparar que mais não fazemos que repetir, qual autómatos, as colunas de jornais e o veneno intoxicante dos marcelos, dos vitorinos, e outros escolhidos a dedo para nos envenenar. Fica-nos bem repetir o que ouvimos, as análises pré-feitas, as colunas de um jornal de referência... dá-nos um ar de indivíduos cultos e não corremos o risco de porem em causa o que dizemos, porque afinal de contas, não são palavras de nossa autoria.
As novas palavras, os novos termos para reproduzir velhos conceitos, as tentativas de branqueamento da realidade, o facilitismo com que nos são apresentados complexos cenários políticos, encaminham-nos para um beco cada vez mais escuro, cada vez mais sem-saída. E no entanto, há quem resista e nos puxe para a rua, para as amplas avenidas do progresso, quem nos alerte e nos organize, connosco, em trabalho colectivo. Sem pretensões de tiradas fantásticas, ou de opiniões de referência, sem pretender protagonismos. A esses todos devemos uma saudação.
Este blogue que hoje inicio não passará nos rodapés das notícias na tv, nem será citado nos jornais de referência. Em primeiro lugar por ser escrito por um comunista e, como todos sabemos, não haver comunistas na blogosfera. Em segundo lugar, por ser escrito por um jovem comunista e esses, como toda a gente sabe, não existem nem na blogosfera nem fora dela, dado que foram declarados extintos por todas as autoridades nacionais. Em terceiro lugar porque aqui não se reproduzirão as cantilenas do costume, as doutrinas do sistema, nem tampouco serão destiladas permissas intoxicantes do raciocínio moderno. Aqui não se promoverá o empreendedorismo, nem a competitividade das empresas e da economia nacional, aqui não se louvará o trabalho das entidades reguladores, nem se defenderá o Estado Mínimo; aqui não discutiremos os valores das acções da EDP, nem defenderemos a liberalização dos serviços; não defenderemos a "formação ao longo da vida", nem a "aquisição de competências"; não clamaremos pela "modernidade" nem pela contratação de "colaboradores"; não apelaremos à flexibilidade dos trabalhadores, nem ao investimento dos estudantes na sua formação.
Por tudo isso nunca seremos um blogue moderno, muito menos um blogue ajustado à realidade, continuaremos remetidos às páginas do passado dos ditos jornais de referência.
Porque achei que as entidades reguladoras já falharam em toda a linha, e estão por isso mesmo algo descredibilizadas, decidi decretar a Autoridade Nacional, novo blogue do disparate saudosista, onde se escreverão as mais ridículas linhas sobre a actualidade. Assim o descreveriam os jornais de referência.
O estímulo à racionalidade crítica deu lugar aos comentadores de política, fabricados na televisão e jornais; a arte dá lugar ao lixo descartável produzido em série nos estúdios de cinema e nas editoras musicais; a cultura é substituída por um culto de consumo irracional e a solidariedade e comportamentos colectivos são substituídos por um insaciável individualismo e competição desenfreada.
A cultura chega-nos mastigada à alma, sem o gosto de um prato gastronómico e bem à maneira de alimentação por soro via intravenosa. A política é tratada como uma novela barata e a disseminação da doutrina é feita de tal maneira que todos nos julgamos esclarecidos sem reparar que mais não fazemos que repetir, qual autómatos, as colunas de jornais e o veneno intoxicante dos marcelos, dos vitorinos, e outros escolhidos a dedo para nos envenenar. Fica-nos bem repetir o que ouvimos, as análises pré-feitas, as colunas de um jornal de referência... dá-nos um ar de indivíduos cultos e não corremos o risco de porem em causa o que dizemos, porque afinal de contas, não são palavras de nossa autoria.
As novas palavras, os novos termos para reproduzir velhos conceitos, as tentativas de branqueamento da realidade, o facilitismo com que nos são apresentados complexos cenários políticos, encaminham-nos para um beco cada vez mais escuro, cada vez mais sem-saída. E no entanto, há quem resista e nos puxe para a rua, para as amplas avenidas do progresso, quem nos alerte e nos organize, connosco, em trabalho colectivo. Sem pretensões de tiradas fantásticas, ou de opiniões de referência, sem pretender protagonismos. A esses todos devemos uma saudação.
Este blogue que hoje inicio não passará nos rodapés das notícias na tv, nem será citado nos jornais de referência. Em primeiro lugar por ser escrito por um comunista e, como todos sabemos, não haver comunistas na blogosfera. Em segundo lugar, por ser escrito por um jovem comunista e esses, como toda a gente sabe, não existem nem na blogosfera nem fora dela, dado que foram declarados extintos por todas as autoridades nacionais. Em terceiro lugar porque aqui não se reproduzirão as cantilenas do costume, as doutrinas do sistema, nem tampouco serão destiladas permissas intoxicantes do raciocínio moderno. Aqui não se promoverá o empreendedorismo, nem a competitividade das empresas e da economia nacional, aqui não se louvará o trabalho das entidades reguladores, nem se defenderá o Estado Mínimo; aqui não discutiremos os valores das acções da EDP, nem defenderemos a liberalização dos serviços; não defenderemos a "formação ao longo da vida", nem a "aquisição de competências"; não clamaremos pela "modernidade" nem pela contratação de "colaboradores"; não apelaremos à flexibilidade dos trabalhadores, nem ao investimento dos estudantes na sua formação.
Por tudo isso nunca seremos um blogue moderno, muito menos um blogue ajustado à realidade, continuaremos remetidos às páginas do passado dos ditos jornais de referência.
Porque achei que as entidades reguladoras já falharam em toda a linha, e estão por isso mesmo algo descredibilizadas, decidi decretar a Autoridade Nacional, novo blogue do disparate saudosista, onde se escreverão as mais ridículas linhas sobre a actualidade. Assim o descreveriam os jornais de referência.
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