Coisa rara, liguei o televisor que ali tenho na sala. Por mero acaso passei pela Sic notícias, onde uma tal de Inês Serra Lopes e uma Maria João Silva se banhavam em suas próprias inteligências, em canções masturbatórias de fazedoras de opinião, estatuto que certamente acolhem com deleite.
Estava eu esperando a asneirada do costume, quando a D. Inês salta com uma frase do estilo "...não podemos pôr os deputados todos no mesmo saco. Há deputados bons e deputados maus, uns que fazem muito e outros tendencialmente nada." Eis que me tomou de assalto e de boa surpresa tal frase. Pensei ainda: "querem ver que vai dizer uma jeito...". Mas foi sol de pouca dura porque logo depois cita como deputados exemplares dois tipos quaisquer do passado parlamentar português pertencentes ao PSD. Maria João Silva ainda retorquiu exaltando o carácter de Matilde Sousa Franco (desafio a consultar o site do parlamento - www.parlamento.pt - para verificar que esta Deputada é autora de 4 magníficos projectos de lei, 2 projectos de resolução e 4 requerimentos ao Governo). Curiosamente, para falar de deputados que não são todos iguais, Inês e Maria escolhem os deputados mais iguais que pode haver.
Mas a coisa piora: depois de ter elogiado quatro ou cinco deputados, entre os quais Zita Seabra (que afinal faltou às votações de sexta feira porque não queria votar de acordo com o seu partido - o PSD e não por desleixo, desenganem-se os maldosos), o painel de ilustres pensadoras (Inês e Maria) ainda atira que o grande problema não são, como depois de tanto elogio se torna evidente, os deputados. O grande problema são os partidos. Esses sim, culpados de tudo quanto há de mau no parlamento português. Porque não se renovam, porque não dão oportunidade aos deputados para trabalhar, porque impõem as orientações de voto, e por aí fora.
Ora se eu estou não estou de acordo que metam no mesmo saco todos os deputados, menos ainda aceitarei que se metam no mesmo saco todos os partidos. Com efeito, é curioso verificar que neste debate apenas se falou de PS e PSD. Excluídos, voluntária e deliberadamente estou certo, ficaram todos os restantes, a saber: PEV, BE, CDS-PP, PCP. E basta consultar o mesmo www.parlamento.pt para verificar que qualquer deputado de qualquer desses partidos terá feito bastante mais que qualquer deputado do PS e do PSD, em autoria de iniciaitivas, em deslocações e visitas, em requerimentos e perguntas ao Governo. Refiro todos porque estou certo de que assim será. No entanto, não seria possível não destacar o Grupo Parlamentar que mais trabalha, que mais propõe, que mais fiscaliza: o do PCP. Desafio a visitar esse site e verificar quantas iniciativas, quantas perguntas e requerimentos, quantos projectos terá apresentado qualquer um dos comunistas eleitos na Assembleia.
Esses abutres velhos, essas "ineses" e "marias", bem podem continuar cumprindo o seu papel contra a democracia, contra os partidos enquanto pilares dessa mesma democracia, mas não poderão nunca apagar o papel que alguns desses partidos desempenham, dignificando a política e mostrando cada vez mais claramente, que os partidos NÃO SÃO TODOS IGUAIS.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
gazeta política
Podia ser o nome de um jornal de referência, mas é uma prática comum no parlamento português. Comentadores, jornalistas e analistas tentam fazer dela uma novidade, quando as faltas de deputados às reuniões plenárias da Assembleia da República existem desde que existe Assembleia da República. O mais engraçado é ver como todos em coro tentam com isto castigar os partidos e os "políticos" em geral. É uma magna oportunidade para falar da "Assembleia", do "Parlamento", dos "partidos", dos "políticos".
E para aqueles que têm andado por aí a afiar as gânfias contra os partidos e mesmo contra a democracia, cada falta de um deputado é um doce que se lhes dá. Ora não me cabe, por falta de vontade e ausência de mandato, vir aqui defender os deputados. Antes pelo contrário cabe-me atacar muitos deles pela forma vil e torpe como concebem e efectuam o exercício do mandato que o povo lhes confiou através do voto.
Mas o que é mais importante no meio disto tudo é que esta é uma oportunidade, não para atacar a democracia, mas para destacar o trigo do joio. Para evidenciar o carácter de cada grupo parlamentar. Mas ainda mais importante que tudo isso, e aí é que está a questão fulcral que ninguém diz nos jornais ou na TV, é a política projectada e executada por cada força política.
Os deputados do Partido Comunista Português não faltam às votações, a não ser que outra tarefa política lhes tenha sido atribuída. Os deputados do PCP não se abarbatam ao salário, entregam-no ao Partido para respeitar o princípio de "não ser beneficiado nem prejudicado em cargos públicos", os deputados do PCP participam nas mais variadas vertentes do trabalho parlamentar independentemente do mediatismo que tenham, os deputados do PCP deslocam-se ao contacto com as populações praticamente todos os dias, e não só em dias de campanha eleitoral. Mas muito mais do que isso, o PCP, através desses deputados, cultiva e propõe uma política diferente: ao serviço do povo, ao serviço dos trabalhadores e das necessidades e interesses nacionais.
É esse compromisso entre o PCP e o povo português que dá a esse Grupo Parlamentar características próprias, por serem desse partido e por mais nenhuma outra razão. Mais importante que analisar as faltas e com isso culpabilizar "os partidos todos iguais", importa denunciar o essencial: a política de cada grupo parlamentar, as suas propostas, os seus projectos ou ausência deles; isso sim, verdadeira causa do estado em que o país se encontra.
E para aqueles que têm andado por aí a afiar as gânfias contra os partidos e mesmo contra a democracia, cada falta de um deputado é um doce que se lhes dá. Ora não me cabe, por falta de vontade e ausência de mandato, vir aqui defender os deputados. Antes pelo contrário cabe-me atacar muitos deles pela forma vil e torpe como concebem e efectuam o exercício do mandato que o povo lhes confiou através do voto.
Mas o que é mais importante no meio disto tudo é que esta é uma oportunidade, não para atacar a democracia, mas para destacar o trigo do joio. Para evidenciar o carácter de cada grupo parlamentar. Mas ainda mais importante que tudo isso, e aí é que está a questão fulcral que ninguém diz nos jornais ou na TV, é a política projectada e executada por cada força política.
Os deputados do Partido Comunista Português não faltam às votações, a não ser que outra tarefa política lhes tenha sido atribuída. Os deputados do PCP não se abarbatam ao salário, entregam-no ao Partido para respeitar o princípio de "não ser beneficiado nem prejudicado em cargos públicos", os deputados do PCP participam nas mais variadas vertentes do trabalho parlamentar independentemente do mediatismo que tenham, os deputados do PCP deslocam-se ao contacto com as populações praticamente todos os dias, e não só em dias de campanha eleitoral. Mas muito mais do que isso, o PCP, através desses deputados, cultiva e propõe uma política diferente: ao serviço do povo, ao serviço dos trabalhadores e das necessidades e interesses nacionais.
É esse compromisso entre o PCP e o povo português que dá a esse Grupo Parlamentar características próprias, por serem desse partido e por mais nenhuma outra razão. Mais importante que analisar as faltas e com isso culpabilizar "os partidos todos iguais", importa denunciar o essencial: a política de cada grupo parlamentar, as suas propostas, os seus projectos ou ausência deles; isso sim, verdadeira causa do estado em que o país se encontra.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
a diferença é substancial
Por que será que sempre que alguém fala em "convergências" todos à volta entendem "coligação eleitoral"?
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