quarta-feira, 12 de maio de 2010

As minhas dúvidas e as minhas certezas sobre a Igreja Católica II

Agradeço os comentários deixados no post sobre as minhas dúvidas e as minhas certezas sobre a Igreja Católica. Reforço que são as minhas dúvidas e as minhas certezas. Não são aqui escritas para ser um guia para ninguém, são dúvidas minhas, certezas minhas. Tal como reconheço e respeito a certeza de um crente na existência de deus, peço respeito pela certeza que tenho na sua inexistência, certeza que me parece bem mais razoável do que a do crente. No entanto, não oponho razão à fé, porque não considero que o crente, mesmo quando católico, seja um ser irracional.

Agradeço os vossos contributos porque entretanto me lembraram de outras certezas sobre a igreja católica, minhas certezas, reforço. Não as quero impôr a ninguém, não ambiciono evangelizar ninguém, nem angariar rebanhos.

Tentando referir-me a alguns dos tópicos:

1. A Igreja Católica é criada, não por Jesus Cristo, mas pelo Império Romano. Ou acha que Cristo iria criar uma igreja chamada Igreja Católica Apostólica Romana, quando em tempo de sua vida, foi esse o império que perseguiu os cristãos e que acabou mesmo por crucificá-lo? Aparentemente, e não me levem a mal, quem diz que foi Jesus que criou a Igreja Católica é quem na realidade não conhece a história da própria Igreja onde professa. "Católica"aliás significa "universal", palavra romana e designação que o império romano adoptou para justificar a unificação religiosa dos seus territórios e dos seus povos, latente que estava a desagregação religiosa e cultural do império. A unificação religiosa foi o passo para a hegemonia cultural de que Roma tanto precisava. A história da Igreja católica é essa, lamento informar-vos. Jesus criou uma nova doutrina religiosa, é verdade. Mas não criou a Igreja católica. Na verdade, a Igreja católica apropriou-se do patrimínio cristão dos povos que seguiam o messias Cristo.

2. Entenderemos a pobreza de formas diferentes. Mas usar a riqueza de espírito para justificar a miséria é operação de manipulação da mente humana que não me verão subscrever. O Vaticano e tudo o que corporiza é um Estado de ostentação, que vive não para ajudar os pobres, mas garantir que continuam a existir. A caridade da igreja não é mais do que a catarse moral dos ricos à procura de um lugar no céu. O que importa não é acabar com a pobreza, é torná-la suportável para que continue a existir.

3. O autor deste artigo, lho garanto, nunca assassinou nem mandou mandar, nunca queimou em fogueiras, ou mandou perfurar a língua a ninguém, nunca enfiou um cone de ferro pelo ânus de ninguém, nunca condenou ninguém à tortura, nem rotulou de bruxas as mulheres que não rastejavam aos pés dos opulentos sacerdotes da idade média. O autor deste artigo cometeu erros, é certo. Por eles pediu desculpa e por todos eles recebeu muito mais incompreensão do que a que é manifestada perante a Igreja. A igreja apoiou e ajudou a esconder o holocausto nazi? ah e tal, pedimos desculpa. A Igreja apoiou a escravatura? Ah e tal, desculpem lá. A igreja condenou à morte centenas de cientistas e progressistas? ah, desculpem lá. A igreja ajudou a esconder padres pedófilos? ai que pecado, pedimos desculpa.
Que raio de congruência é essa? Um fiel comete um pecado, confessa-se e o padre exige-lhe que reze não sei quantos terços e que deixe sempre um contributozito para a manutenção do património da igreja. A igreja comete os crimes mais hediondos do mundo e basta-lhe que séculos depois peça desculpa? Deus, permitam-me, está a ser parcial no julgamento.

4. Sim, a igreja acha que coexiste com a ciência, porque nos dias de hoje, não lhe resta outra hipótese. Mas fá-lo a contragosto como é evidente. Sim, promove a ignorância, porque vive essencialmente de crenças impossíveis de comprovar e inalteráveis. Ora a isso, chamam-se "dogmas". Promove o individualismo sim, o que interessa é salvar a TUA alma, para isso terás de ser bom para os pobres. Mas, por favor acompanhem o meu raciocínio, tu ajudas o pobrezinho não para que ele se possa libertar dessa condição, mas para que TU possas aceder à graça do Senhor e assim assegurares o TEU lugar no céu. É uma perspectiva individualista da caridade e da vivência em comunidade. Claro que não é o que o cristianismo postula, mas é o que a Igreja espalha.

5. Dizia um amigo que comentava que a igreja ao domingo conforta as almas. Ora podemos falar de outra forma, a igreja ao domingo mitiga a infelicidade, por força da alienação. E entretanto aproveita e vende sempre qualquer coisa, lá nas caixinhas onde fica o dinheiro. Voluntariamente é certo. Tão voluntário como o dinheiro que dou ao arrumador de automóveis, embora saiba que se não der o dinheiro posso voltar e encontrar o meu carro riscado ou um vidro partido. É mais ou menos a mesma coisa: eu deixo a esmola na caixinha voluntariamente, mas corro o risco de ir parar ao inferno se não der a moedinha. Ora se eu até dou um euro aos arrumadores por um risco a menos no carro, quando estarei disposto a dar pela paz da minha alma?

6. Também dizia um comentador que a igreja e os padres nos confortam perante a morte dos nossos entes queridos. É um facto que muita gente pensa assim. E eu respeito. Mas permita-me: é gracioso esse trabalho? Sabem alguma coisa da vida de quem ali está a ouvir o que dizem? Eu já ouvi padres a falar em cerimónias de família e a ter conversas que me enojaram e me fizeram sair da sala, tamanha a estupidez e a falta de sensibilidade e bom senso. E, pelo que sei, é uma importante fonte de receita para a igreja esse conforto benévolo.

7. O autor estará, porventura preso em algum lugar, e talvez até a alguns dogmas, assumo. No entanto, não me apanharam certamente é nas garras de uma instituição caduca e que desrespeita os hábitos e as tradições de todos os que não pensam como ela própria. Não me apanhará preso a uma doutrina enfeudada nos cantos mais obscuros da história da humanidade. Respeitaria Jesus Cristo se o tivesse conhecido, louvaria o seu esforço e sacrifício pela humanidade, talvez me merecesse uma vénia séria e sentida. Jamais me vergaria a uma organização, a um estado e a um conjunto de sacerdotes que dizem falar em nome de deus, que arrecadam riquezas incontáveis à custa da fragilidade das pessoas. Certamente rezaria a um deus se nele acreditasse, mas jamais permitiria que alguém algemasse a minha contemplação de deus às regras de uma Igreja fundada apenas para dominar a relação dos homens com deus, assim controlando indirectamente a relação dos homens entre si mesmos.

8. O autor já presenciou inúmeras cerimónias religiosas, entre as quais algumas católicas. E já teve a infeliz oportunidade de ouvir a linguagem discriminatória e machista dos sacerdotes, em nome da igreja. No último casamento católico em que estive, o padre usou até os termos "mulher, sê servil ao teu marido". Não disse semelhante coisa ao homem, porque será?

9. Ameaçar uma pessoa com o inferno e o sofrimento eterno, não é chantagem e cultura do medo?

10. Até nas contradições, os católicos são engraçados. Ora se estiveram "sempre do lado da verdade", como "reconheceram os seus erros"? é que quem está do lado da verdade não está errado, está certo. Ora quem está SEMPRE do lado da verdade, NUNCA está errado.
Sobre ser conservador e reaccionário ao mesmo tempo, julgo que a coincidência entre os termos é tal que nem merece aprofundamento, mas pronto, vamos lá, para não me acusar de má vontade e me condenar a arder no inferno. Ora quem é conservador é porque pretende preservar a actual correlação de forças sociais e as relações socias e económicas vigentes em cada período. Quem é reaccionário é quem reage às forças da mudança. Como tal, parece-me evidente que, na maior parte dos casos, os conservadores são reaccionários e os reaccionários são conservadores.

22 comentários:

Carla disse...

Parabens miguel este artigo está excelente!!! Muito bom mesmo!!!

Unknown disse...

subscrevo! Acho que só faltou acrescentar um tópico sobre o facto da Igreja seleccionar discriminatóriamente os textos (evangelhos) que a caracterizam com base naquilo que melhor lhe convém. Provavelmente, se olhassem e se regessem pelos doze testemunhos da vida de Cristo, atingiriam uma "verdade" e/ou doutrina muito mais pluralista, humanista e inclusiva.
De qualquer forma está excelente, parabéns!
Abraço

Fantasma disse...

Boa noite, só para dizer que gostei imenso da forma que abordou o tema sobretudo nesta altura..., para que se esclareça tanto cristãos, agnósticos e ateus. vou partilhar, Abraço!

Ana Martins disse...

Olha, acho que és capaz de gostar deste post

http://opcaoimbondeiro.blogspot.com/2010/05/eu-tambem-acredito.html

Visito o Imbondeiro sempre que há alguma coisa nova e quase sempre vale mesmo a pena a visita.

Bons posts os teus últimos 3.

aquiles disse...

Lamento ter que dividir todo o meu comentário mas aparentemente ficou grande de mais para o seu blog: Não posso deixar de achar graça que para offender uma Instituição se corra ao poder “da minha opinião”. Como se por ser a sua opinião pudesse dizer tudo que lhe apetecer. Não posso deixar de lhe responder porque o seu discurso permanece marcado por curiosidades hediondas: 1-Lamento voltar a desmenti-lo no seu próprio blog mas quando está errado sou obrigado a fazê-lo. Sim, foi Jesus Cristo que institui a Igreja Católica, se quiser, e neste caso, por preciosismo de linguagem, a Igreja Cristã. Quer citações bíblicas? Ou relatos históricos? Esqueceu-se certamente dos primeiros séculos em que os cristãos eram perseguidos, mortos nas catacumbas, atirados aos leões. Ah espere lá que isso já não interessa nada porque aí foram mortos milhares de cristãos. Só mais tarde com a conversão do imperador Romano é que foi proclamada religião oficial do império. Se quer confundir uma evolução histórica com a instituição, parece-me que alguns séculos ainda são relevantes. Se não qual seria o sentido de Jesus Cristo ter sido morto por Romanos? Resumindo cronologicamente: Império Romano cresce, esmaga o povo judeu, ocupa as suas terras e oprime-os, Jesus Cristo nasce judeu, cresce oprimido pelo poder político, económico e militar romano, morre por decisão de um pretor romano, institui a Igreja, a Igreja é perseguida durante séculos, converte-se o imperador romano, torna-se Igreja Católica por ser a Religião do império. Católica porque é em latim que vai difundir a sua mensagem, e essa mensagem é que é Universal. Ao contrário do que acha, erradamente, não distingue pecadores de semi-deuses. Claro?

aquiles disse...

? 2- Portanto o que se retira deste seu parágrafo é que todos os católicos têm elevadas cifras na sua conta bancária? Gostava tanto que isso fosse verdade! É que assim podia ir aprendendo a ser desprendido dos bens materiais mas não tinha os problemas económicos como toda a gente tem. Meu senhor, tenha juízo! Não há instituição no Mundo inteiro, nem nunca houve, que combatesse a pobreza com maior efectividade do que a Igreja Católica. Quer falar dos museus? Dos pretensos sapatos da prada que o papa usaria? Do património cultural? Se o Vaticano alienasse todo o seu espólio, os lucros não chegariam para erradicar a pobreza no Mundo. Não é mais proveitoso para todos que mantenham uma fonte de receitas estável para suportar toda a organização e sustentadamente fazer face aos problemas sociais do Mundo inteiro. É que, sinceramente, não compreendo o que sugere. Que o Vaticano venda todos os seus bens? E subsista de quê? 3- Desculpe lá, mas quantos anos tem? 40? 50? A Igreja tem mais de 2000 anos! Quantas pessoas respondem pelos actos que o Senhor comete? O Senhor? E às vezes irresponsavelmente? A Igreja tem incontáveis pessoas a responder pelos seus actos. Percebe? Sabe que ser faccioso é muito feio! Fui o primeiro a admitir que a Igreja já cometeu atrocidades, já fez muitas asneiras, claro que sim! Se o Senhor tivesse vivido mais de 2000 anos também os teria feito não compreende isso? O padre exige um terçozito? Sabe que isso já não é assim hoje em dia… Foi assim há cerca de 50/60 anos. E sabe que se não rezar a penitência não vai para o inferno não sabe? Sabe que se não deixar a moedinha na caixa das contribuições também não vai para o inferno. Mais, sabe que o inferno não é um sítio, uma sala quentinha, para onde a Igreja manda as pessoas que se portam mal e levam tau tau. Não sabe? Mas podemos falar melhor sobre o Inferno, já vi, que é uma coisa que o atormenta – cuidado não escorregue e vá lá parar. Mas se o descansa, olhe eu como católico, cristão, e profundo crente em Deus que não é se não Amor, acho que o inferno está bem despovoado, tenho mesmo muita dificuldade em imaginar que alguém lá esteja. Por isso, havemos de nos encontrar no Céu, não se apoquente… (e se algum padre velhinho lhe disser que vai para o inferno, experimente pensar pela sua própria cabeça).

aquiles disse...

4- Bom falar da Ciência chegaria para bem que um post mais preocupado com o salvar a TUA alma, sou obrigado a não responder a este tópico. Mas o Senhor acha que as almas se salvam autonomamente? Que isto é um concurso, estilo corrida de automóveis em que há pessoas que vão à frente e umas atrás, em 100 corredores só há três lugares no pódio e por isso a ideia é tramar todos os outros? Sabe que nesse Deus eu também não acredito! Graças a Deus Ele não existe (perdoe-me o pleunasmo). Não há ninguém que se salve por estar preocupado com a salvação, isso lhe garanto, sabe porquê? Porque se encandeia e deixa de viver na verdade. Não há ninguém que lhe possa dizer a si ou a mim que não nos vamos salvar – isso só Deus – e como lhe disse, num silogismo lógico, se Deus não é se não Amor, se é o Amor que salva, todas as pesssoas são salvas, porque uma vez exprimentado o Amor não podem não o viver. Se bem que, é curioso, que se alguém quiser, continuar a não viver em Amor, Deus o respeite e lhe dê toda a liberdade. Por isso e só concluindo ainda me há de explica como é que se salva individualmente uma alma, é tramando os outros? Como lhe digo quanto mais se esquecer de si e viver para fora, para os outros, ao serviço, mais salvo estará e mais ajudará a salvar os outros (no fundo são sinónimos). 5- Tem graça há 4 anos que vou à missa todos os Domingos e solenidades, e se tenho tempo às vezes também durante a semana, e nunca dei nenhuma moedinha. Sou católico, cristão, crente, crismado, catequista, e nunca dei nenhuma moedinha. Se calhar sou somítico, mas é que é costume esquecer-me da carteira no carro. Tem piada nunca me terem riscado o carro, nem partido o vidro, mas isso deve ser porque pertenço à máfia não é? Sente-se obrigado a dar a moedinha no momento do ofertório, na oração da colecta (já agora, vai desta discussão mais culto), é? Não sinta, que eu também não sinto, rezo todos os dias e Deus nunca me puxou as orelhas por causa da moedinha!

aquiles disse...

6- Sabe que o fenómeno da morte exige muita maturidade para ser vivido. Confesso que ainda não a tenho e por isso gostava de não entrar por aí. Mas mais uma vez noto, com graça, curiosidades no seu discurso. Não está certamente a julgar a Igreja pelo que ouviu um padre dizer uma vez na vida pois não? É que assim ao ler de relance o que escreveu pareceu-me ser isso e fiquei tão estupefacto que não pode ser com toda a certeza! 7- Tem graça, não me sinto preso nas garras de uma instituição, nem preso, nem vergado, nem algemado nem controlado, mas isso deve ser certamente pela paixão que tenho. “O Amor é cego” diz sabiamente o povo não é? Se calhar não me sinto nada disso por Amar a Igreja! Mas convido-o também a apaixonar-se por ela, a sua mulher não se importará com certeza, olhe a minha não se importa, amamos os dois! Sinta-se acolhido num conjunto de Homens que procuram a Deus. A Igreja não são os padres nem os quadros do Vaticano. Meu caro a Igreja é feita por todos os fieis e esses somos todos nós, a Igreja que Jesus Cristo instituiu e que por isso é sagrada não é o templo de Jerusalém ou de Roma, somos nós! A viver como um povo unido, que sofre em conjunto, que erra em conjunto, mas que se vai aproximando de Deus mais e mais… Não há ninguém no Mundo que lhe reconheça mais liberdade que Deus, exprimente-a! É mais difícil viver com a Igreja do que com Deus, pudera! Da Igreja faço eu parte como é que há de ser fácil viver com ela? Faço eu e faz o Senhor, só que ainda não o descobriu, com dois teimosos como nós dentro da Igreja como é que há-de ser fácil viver com ela!

aquiles disse...

8- Não vou comentar o que ouviu um padre dizer uma vez na vida porque esse padre não fala pelos milhões de fieis da Igreja. Mas digo-lhe essa frase é tirada de uma leitura com muitos muitos séculos, tinha um contexto social em que foi escrita e um sentido, e se o descança, a todos os casamentos onde fui e foi lida essa leitura o padre aplicou-a tanto ao homem como à mulher. Claro que a mulher tem que ser servil ao homem da mesma maneira que claro que o homem tem quer submisso à mulher. Homem e mulher são seres in fieri que caminham para Deus, juntos, como marido e mulher, juntos como padre e freira, juntos como amigos, mas o que é importante é estarem juntos! Falava da alienação, sim! A alienação de si mesmo! Tem graça que a crítica superficial e imediata costuma ser a contaria ao individualismo. “Feliz o Homem que se esquece de si para se preocupar com o seu irmão”. 9- ameaçar? Mas quem é que o ameaça? Diga-me que vamos juntos ameaçá-lo também! Sobre o inferno já falei acima. Descanse, não se apoquente, já lhe disse que tenho por mim, e muito seguro, que o inferno é uma maneira de vida que ninguém escolhe; e certamente uma maneira de viver a que ninguém é condenado. Tenha mas é cuidado com o verdadeiro inferno que é aquele que começa na terra, procure mais o verdadeiro céu, que também já começa aqui na terra. 10- Vou tentar ser breve e claro que o comentário já vai longo. A Igreja não quis se não estar do lado da verdade. Esteve sempre certa? Não. Errou? Sim. Assumiu? Sim. Arrependeu-se? Sim. Materialmente mudou de opinião? Pois é obvio não é meu caro? Mudou de opinião por lhe ser conveniente? Mudou de opinião para servir interesses políticos? Quais? Isto é que já me parece ser excessivo… Incomoda-o assim tanto que a Igreja seja feita de homens e por isso, felizmente, padeça dos mesmos males que os homens padecem? Preferia uma Igreja de super homens? Dava-lhe mais segurança? Era mais feliz? Oiça, primeiro preocupe-se com Deus, fale com Ele, relacione-se pessoalmente com Ele. É como lhe dizia à pouco, claro que é mais difícil compreender a Igreja que Deus, pudera, eu sou Igreja como é que não há de ser mais difícil?

aquiles disse...

11- Falava de crenças inexplicáveis, penso que se refere à hipotética prova racional da existência de Deus. Agora parece que avançou uns séculos e chegou ao XVII. Mas acha mesmo que o Homem é um ser meramente racional? Não reconhece nenhuma capacidade mística, transcendental, espiritual ao homem? é que mais uma vez somos levados a conceitos mais básicos. O que é Deus? Deus não é um Senhor velhinho que está sentado numa nuvem, – esse Deus é de facto impossível de provar racionalmente – como lhe dizia Deus é Amor, é a dimensão mais pura e aberta de cada Homem. Deus é cada um de nós e não está se não dentro de mim, compõe-me como ser humano que sou. Não é alguma coisa que eu use como um adorno. É matéria constituinte do meu ser, matéria espiritual. Não tem que admitir publicamente no seu blog mas dê a possibilidade de Deus lhe falar, predisponha-se a isso... Qual é o bem de continuar aí todo empedernido?

miguel disse...

Aquiles, esteja descansado. Ao contrário da Igreja católica eu recebo bem a crítica e estou disponível para discutir no meu próprio blog, desde que a discussão seja franca e não ofensiva.

Agradeço as suas palavras, porque elas demonstram com muito mais rigor tudo o que eu poderia escrever sobre a igreja católica. as minhas opiniões são indirectas, o seu testemunho é directo. Fica para quem quiser ler tirar conclusões sobre esta nossa pequena conversa.

Agradeço acima de tudo as palavras que me dirige no fim. E que bem demonstram a amabilidade dos cristãos, mas a sua tendência infalível para julgar os outros. Repare como o simples facto de eu não partilhar as suas crenças faz de mim um "empedernido", um coração fechado e uma alma perdida, onde ainda não entrou a luz da clarividência católica. Repare como rapidamente se atreve a concluir que não tenho nenhuma relação com deus, apenas porque me recuso a incorporar os vossos rebanhos. Eu estou em paz, caro amigo, por mais que lhe custe aceitar que deixei a paz, a serenidade, ou mesmo "deus" entrar em mim através do amor sem nunca ter baixado a minha nuca a um padre ou ter aberto a boca à hóstia de sacristia.
Eu amo as flores, as ondas, o mar, amo a minha companheira, os meus amigos, a minha família, amo a humanidade, o verão e o inverno, o sol e a chuva, a claridade e a escuridão, o deus e o demónio, o céu e o inferno. Só não aceito é que ninguém me passe credenciais pelo meu amor, não quero baptismos, nem crismas, nem comunhões, não quero bençãos, não quero catecismos, nem beija-mãos. Por isso o meu amor é puro, porque a minha contemplação não é sobre uma igreja, mas sobre a humanidade e a natureza. Não existe entre mim e "deus" ninguém, nenhum interveniente que tira parte da minha humanidade, seja espiritual ou material.

Eu vivi toda a minha vida entre católicos. Sei bem o que digo sobre quais são os sentimentos que comungam e partilham. Sei bem que o discurso do vosso amor é o pretexto, inconsciente é certo, para os ódios latentes. Sei bem que a pobreza franciscana é apenas a justifcação para cobrirem de ouro as igrejas, sei bem que caridade é a capa negra da pobreza que prolifera e foi mais aguda ainda nos tempos em que essa mesma Igreja dominou o mundo, tal como sei que o discurso da tolerância é a máscara da prática da intolerância. Infelizmente.

miguel disse...

uma vez mais apelo à compreensão:

não estou a tentar atacar a fé de ninguém, respeito muito os católicos, como respeito todas as outras confissões religiosas. Não me peçam é que respeite as instituições e as hierarquias que se alimentam desses mesmos crentes e da sua benevolência e bondade.

miguel disse...

um abraço, aquiles.
a pior alienação é aquela de que não somos conscientes.

aquiles disse...

Deduzi que não se relacionava com Deus porque o disse num dos seus posts - não foi a minha perspicácia mas o seu atrevimento que o denunciaram. Não é empedenido por não ser católico mas sim pelas críticas vinda de frustruções antigas e de feridas não curadas. Das pessoas mais católicas que conheço dizem que não acreditam em Deus e nunca foram à missa. Como vê o nome que se dá aquilo que somos não importa nada - o que se vive por dentro é que tem importância, e isso meu caro, só o senhor o sabe e só eu o sei.

é lamentável que ao fim de já muita coisa dita continue a dizer que a Igreja se alimenta da ingenuidade e coisas que tais. Tenho pena que não tenha conhecido bons cristãos para o elucidarem sobre a verdade dentro da Igreja, que esteja preso aos crimes do século X e a um passado que parece consumi-lo. Assuma o passado para que ele faça parte da seu futuro.
Não respeita? pois isso já eu tinha percebido desde que li a sua primeira linha, mas aí é que está o erro. Tanta crítica à Igreja que até parece que come criançinhas ao pequeno almoço e depois cai no que a acusa. Sabe que o respeito é o mínimo da civilização que pode pretender... Eu respeito-o a si, porque não há de respeitar a Igreja? A Hierarquia da Igreja já lhe cuspiu em cima? ofenderam-no? humilharam-no? e tendo feito isto tudo não se arrependeram e pediram desculpa?

aquiles disse...

a pior alienação meu caro, é aquela que nos fecha. A que faz de nós superhomens que fechados sobre si mesmo tudo podem - ou assim o entendem...

Unknown disse...

Caro Aquiles muito me agrada o seu cntributo à discussão. É com opiniões como a sua que posso sustentar a minha opinião de que a igreja católica (a de s. pedro e não de jesus como voçê ingénuamente afirma) sobrevive apenas e só da ignorância e militância cega dos seus fiéis.
Sinceramente louvo a paciência do autor deste blog para discutir consigo tamanha é a sua incapacidade de apresentar argumentos válidos e a sua necessidade de agredir gratuitamente quem discorda da sua opinião. Mas, como lhe digo, ainda bem que assim é pois caso contrário a igreja poderia tornar-se algo com que muitos mais se identificariam!
Enfim, desejo-lhe tudo de bom e as melhoras. Pode ser que um dia "veja a luz"! ahah
Abraço

Baco disse...

É muito difícil desenganar quem quer ser enganado, mas ainda assim atrevo-me a deixar 2 ou 3 comentários sobre este assunto.
Desde logo começo por pedir um pouco de reflexão sobre a História da Humanidade, para que se perceba quando é que essa figura "omnipotente","omnipresente" e "omnisciente" chamada deus "apareceu" no caminho do "homo sapiens". Nem foi Cristo que o "revelou", foi Moisés, na sua fuga da escravatura egípcia. Portanto, 3 mil anos? Mais coisa menos coisa. Então, quantos milénios de existência tinha já o ser humano (homo sapiens)? 400/500 mil? E quantos deuses "nasceram/morreram" ao longo desse período? Dos egípcios ficaram as pirâmides e os sarcófagos, demonstrando à evidência que afinal eram seres mortais como quaisquer outros, dos deuses gregos ficou a acrópole e algumas estátuas, lindas, por sinal, e dos romanos, cujos deuses eram cópias dos gregos - falta de imaginação - também ficaram reduzidos a pedra, espalhadas pelos museus do mundo.
Isto é, as crenças também sofrem a evolução da ciência e do próprio Homem, ainda que com a natural resistência das instituições, e só assim se percebe que a igreja católica desde sempre tenha vivido à sombra do poder, cumplíce e conivente com a violência do Estado sobre os Povos.
Entretanto, e não é ironia, alguém me consegue explicar como é que aparece a figura do Papa na História do catolicismo?
Antecipadamente grato.

Maria disse...

Excelente post, mais uma vez.
Melhor ainda a(s) resposta(s) que deste ao comentador aquiles, que teve a paciência de escrever um comentário maior ainda do que o teu post...
Mais uma vez vou encaminhar o teu texto.

Um abraço, mt

Anónimo disse...

Caro baco,

seguindo este link* encontrará a resposta à pergunta que deixa no final do seu comentário. Infelizmente não conheço nenhum site em língua portuguesa que exponha tão claramente os assuntos da doutrina católica.

*http://www.catholic.com/library/Peter_and_the_Papacy.asp

Abraços,
Miguel Robin

CRN disse...

A igreja católica é apenas um covil de transtornados onde muito boa gente foi manipulada para entregar a vida a uma mentira e, onde os pedófilos encontram a protecção e a estima que necessitam para continuar a destruir vidas, practica secular do clero. Contudo, existe mais mentira, essa, que tentam seja a realidade daqueles que, amedrontados pela imagem do fustigado espirito de um corpo morto -abandonado, segundo a igreja-, continuarão a ser victimas de uma estratégia que preconiza a corja que toma um transtorno de personalidade múltipla como eixo central de um dogma (pois, a trindade, não a cervejaria).

Esse "deus" que "vive dentro de nós", essa magia toda, não passa da extrapolação da falta de coragem de assumir a responsabilidade do resultado das suas decisões. Aquilo que somos é uma espécie que tarda em se emancipar, demasiado frágil, que não se conhece, que se distingue dos demais animais apenas pela peculiaridade do seu neo-cortex, que, devido a essa mesma peculiaridade, transforma o medo no principal factor da mefítica existência da maioria da humanidade, boiando na marisma onde pescam as bestas, essas que, exibindo as deficiências psiquicas típicas de um estado evolutivo mais próximo ao homo-sapiens quando comparadas com as massas, usufruem do conhecimento daqueles que permitiram o desenvolvimento global do Homem sem prescindir da sua condição de inválido.

Assim, a igreja e o capitalismo, enquanto não erradicados, continuarão a travar os pés daqueles que apostaram em caminhar rumo à liberdade!

Vai contar histórias aos peixes, pá!

Anónimo disse...

Eu, volto a colocar a mesma questão bem pertinente do Aquiles. Fala-se aqui em liberdade, poder de escolha, crenças... Somos todos livres, NINGUÉM é obrigado a acreditar ou participar em qualquer manifestação religiosa ou seja o que o for. Há tantas mas tantas instituições que não trazem nada de proveitoso para a nossa sociedade, muito pelo contrário, e dessas já ninguém se queixa ou critica. Sr. autor do blog, se em criança alguém o obrigava a ir à missa, por isso hoje aqui manifesta todas as suas frustrações causadas por esse mesmo facto, tenho imensa pena. Mas pense assim, hoje já não é obrigado a dar esmola ou a ir ouvir o padre ao Domingo! Se assim se sente mais feliz, óptimo, é isso que eu quero, agora não perca tempo a falar mal de coisas só por falar, uma vez que nem se quer é católico praticante. Quero eu dizer com isto que, a igreja de há 20 anos não é a mesma de hoje, a de há 50 anos, meu Deus, está quase fora de "prazo".
Não vá pelo que dizem os outros, vá a uma boa cerimónia religiosa com um bom padre e depois sim, tire as suas conclusões. Pois quando for, muito provavelmente, aprenderá a falar e olhar os outros de maneira diferente, assim de uma maneira mais respeitosa, menos: eu sou o detentor da verdade!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.