quinta-feira, 6 de maio de 2010

mais privatizações, Não!

Hoje o PCP interpelou o Governo sobre a estratégia de privatizações do Governo PS.
No momento em que escrevo estas linhas ainda decorre o debate.

Em defesa do capital estrangeiro, contra o Estado Português e o interesse nacional e das populações falou, não o Presidente da CIP ou da AEP, não o Bill Gates ou um qualquer magnata árabe, mas o Ministro de Estado e das Finanças da República Portuguesa. Quando o mundo espúrio dos negócios de parasitagem e da roubalheira toma conta dos governos, domina os Estados e os Governos, não mais precisa de jogadas de bastidores. A lei é feita à sua medida, à medida dos seus caprichos e anseios.

O governo, desse famigerado Partido Socialista, deixa escapar-lhe a verdade sem pudor. Até aqui, o Governo PS apresentava as medidas de "austeridade" como "últimos recursos", como males necessários face à situação do país. Mas agora que já as planifica e executa, orgulha-se delas e faz delas medidas de vanguarda para o crescimento económico. É caso para dizer: "se se orgulha assim tanto destas medidas previstas no PEC, por que raio as apresentou como males necessários?" Afinal de contas, ao dizer que "as privatizações dinamizam a economia e modernizam o sector produtivo nacional", o ministro das finanças mostra bem que andou a "afiar a gânfia" para fazer estas privatizações e que a crise internacional do capitalismo é apenas o pretexto ideal para as executar.

O que é grave é que entre o governo e os seus donos, entre o governo e os interesses a que é submisso, está o povo português que se vê espoliado de tudo o que construiu por suas próprias mãos. Entre o governo e os grupos económicos que o instrumentalizam estão os 3 milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, os 700 mil desempregados, os milhões de jovens que pagam cada vez mais estudar e recebem cada vez menos por trabalhar; os milhões de trabalhadores que ficam com uma parte cada vez menor da riqueza produzida.

Dizem-nos os deputados do capital, eleitos pelos diversos partidos da burguesia, que o investimento estrangeiro é uma garantia para o desenvolvimento nacional. Mas perguntemo-nos: que investimento estrangeiro? O da criação de novas empresas, regrada, que traga mais produção ao país? Muito bem, venha!
O da apropriação do que o país produz, para levar para o estrangeiro os lucros que podiam ficar cá? O da roubalheira às claras de tudo o que até hoje o povo português construiu com o seu próprio esforço? Não, obrigado!

O Estado burguês assume a sua forma cada vez mais etérea, cujo único objectivo é o de assegurar a dominância social e económica da burguesia sobre o proletariado, retirando-se de todas as esferas onde a própria burguesia pode assumir directamente o controlo. O Estado esfuma-se até ser apenas o olho vigilante da burguesia sobre os revoltados, garantindo o controlo de classe. E resta no país um povo cada vez mais pobre, mais endividado e explorado, com cada vez menos tempo livre, que do Estado, cada vez mais, a única coisa que conhece é a polícia que o espanca quando faz greve, quando impede as máquinas de serem roubadas da sua fábrica, quando se manifesta, quando protesta, quando luta.

É o estado burguês, cada vez mais fraco para ser cada vez mais forte.
Pela mão do PS.

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