Porque há coisas que não podem passar em branco, venho aqui trazer em primeira mão a transcrição das palavras mais reaccionárias que foram proferidas nos últimos tempos na Assembleia da República. Elas encerram uma visão perigosa, proto-fascista, da luta de classes e são preocupantes em si mesmas.
No entanto, três outras questões me preocupam ainda mais do que estas palavras:
1. que alguém tenha o descaramento de as produzir na Asembleia da República,
2. que a pessoa que as proferiu não foi um qualquer velho senil ou reconhecidamente fascista, mas sim um jovem socialista, acabado de chegar ao Parlamento,
3. que a bancada do PS tenha aplaudido efusivamente as palavras, como se pode ver a seguir:
"O Sr. João Galamba (PS): - a razão pela qual Portugal tem a precariedade e o desemprego que tem é em grande parte devido às estruturas sindicais, reaccionárias e de posições…
(Risos do BE e do PCP)
O Sr. João Oliveira (PCP): — Parece o CDS a falar!
O Sr. João Galamba (PS): —… que sacrificam trabalhadores"
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7 comentários:
O Sr. João Galamba não é da JS. Mais: o Sr. João Galamba era até há muito pouco tempo independente.
Caro Pedras contra canhões,
Também consida António Chora um proto-fascista?
Se quiser discutir a relação entre emprego-legislação laboral-sindicatos-patronato-etc, vamos a isso. Se pretende apenas insultar-me, não conte comigo.
É extraordinário como alguém que se diz herdeiro de uma tradição de pensamento na linha de Marx se veja obriado a recorrer a condenações moralistas para criticar os seus adversários.
Caro João Saldanha,
Não vejo como a transcrição literal das suas palavras pode entender-se como insulto.
Se dizer-lhe que, na minha opinião, essa tese anti-sindical encerra uma perspectiva política muito próxima das raízes do fascismo o insulta, lamento, mas continuarei a expressar essa opinião.
A demonização da luta de classes e do sindicalismo de classe, bem patentes na intervenção transcrita e no vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=eCW04y3UWw8) são ilustrativas de uma linha de pensamento que eu julgo muito próxima da seguinte frase:
"Fascism also denies the immutable and irreparable character of the class struggle which is the natural outcome of this economic conception of history; above all it denies that the class struggle is the preponderating agent in social transformations." (tradução inglesa da brochura "A doutrina Fascista", por Mussolini e Gentile)
Aproveito para dizer ainda o seguinte: considerar que produziu uma declaração "proto-fascista" não é, como é óbvio, o mesmo que o julgar fascista ou "proto-fascista". Denuncia apenas uma declaração e um pendor ideológico, não um comportamento. Não tenho quaisquer instrumentos objectivos que me permitam considerar João Galamba um fascista nem nada próximo disso, e ainda bem. Isso não significa porém que as palavras que transcrevi neste blog não tenham de facto um pendor fascizante implícito.
Sobre António Chora, não o considerando fascista, nem proto-fascista, como é óbvio, tenho apenas a dizer que usa o estatuto de trabalhador para defender o patrão. Isso, não sendo fascista, é no entanto, qualquer outra coisa que não me cabe descrever.
Se quiser discutir a relaão entre emprego-legislação laboral-sindicatos-patronato-etc, vamos a isso? Muito bem, caro amigo. Aliás, praticamente não faço outra coisa todos os dias...
Quanto ao último parágrafo do seu comentário: não vejo em que fui moralista, mas apelo a que me ajude a não ser, pois é comportamento que não julgo dignificar a minha argumentação. De qualquer das formas, eu não usei praticamente argumentos nenhuns no post que fiz sobre as declarações do Sr Deputado João Galamba. Limitei-me a transcrever as suas palavras.
Cumprimentos
Caro,
eu critiquei sindicatos reaccionários, não sindicatos per se. Infelizmente, em Portugal há demasiados sindicatos que representam os interesses de certos partidos e não os dos trabalhadores. Talvez por isso a tx de sindicalização esteja a descer e seja das mais baixas da europa. será que isto não lhe suscita qualquer forma de auto-crítica? acha que é uma coincidência.
O comentário que faz sobre António Chora diz sobretudo muito (tudo?) de si.
"Infelizmente, em Portugal há demasiados sindicatos que representam os interesses de certos partidos e não os dos trabalhadores." - concordo. isto http://2.bp.blogspot.com/_mlm3l3IZzrs/Svyfm8Y0pBI/AAAAAAAAAKY/3LlDNisZKe4/s1600-h/1.jpg é uma vergonha.
obrigado anónimo! já conhecia a foto, mas assenta neste debate que nem uma luva!
Há coisas e declarações que não é fácil emendar... :-)))
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