O céu porta nuvens esplêndidas algo pesadas, sob o azul límpido que já lhe conhecemos nestas manhãs de inverno. Da cadeira da esplanada onde me sento, observo bocage de um ângulo baixo contra o cú, pronunciando o recorte da escultura alta. À minha esquerda, a Igreja de S. Sebastião, das mais antigas da zona velha da cidade, interpõe-se-me no caminho para o rio e projecta a sombra poderosa na esplanada onde me sento.
É sábado.
Podia estar um dia de silêncio daqueles em que se ouvem até as asas dos pombos bater quando voam em rodopio circular sobre a praça redonda. Mas não. Não decidiram os peruanos, ou semelhantes homens trajados de índio com fatos de carnaval que mesmo no centro da praça, aos pés da estátua, lançam no ar uns curiosos sons de flauta rouca em ritmos e melodias tão tradicionalmente indígenas como eu próprio ou como os membros dos beatles que as escreveram.
É sábado.
Podia estar descansado. Mas não. Estou sentado numa esplanada em plena baixa de setúbal a fazer as contas do Orçamento do Estado de 2010, enquanto uns homens vestidos de índios norte-americanos se identificam como peruanos e tocam beatles com "panpipes".
A realidade ultrapassa sempre a ficção.
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1 comentário:
Mesmo assim podia ser pior. Olha se eles descobrem o Tony Carreira!!!?
Abraço.
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