Caros Trabalhadores das Artes do Espectáculo e do Audiovisual
Amigos “intermitentes”
Em nome do Grupo Parlamentar do PCP, agradeço o convite que nos dirigiram para estar presentes no vosso cocktail intermitente realizado nas Piscinas do Clube Nacional de Natação no dia 9 de Setembro de 2009, pois o facto de termos estado presentes deu-nos nova oportunidade para ouvir em discurso directo os vossos problemas e assim aprender sobre os constrangimentos com que se cruzam no mundo laboral.
Foi com muito gosto que ouvi as intervenções dos convidados da mesa e dos intervinientes do “público”. No entanto, verifiquei que existe uma certa tendência para colocar todos os partidos no mesmo saco, chegando mesmo uma das oradoras a referir-se à Assembleia da República como “as cortes”. Ora, tendo em conta que não me identifico minimamente como membro dos paços de qualquer reinado, e sabendo que sou eleito por um Partido com um vasto património de intervenção e proposta na vossa área laboral – aliás, como saberão, o PCP foi o partido que despoletou todo o processo legislativo e conta na X legislatura com imensa actividade no que toca aos direitos laborais dos trabalhadores das artes do espectáculo e do audiovisual – julguei adequado dirigir-vos umas palavras durante o vosso encontro para o qual fui convidado na qualidade de Deputado comunista.
Quando pedi a palavra, porém, alguns dos organizadores negaram-me essa possibilidade, decisão que obviamente respeitei, muito embora sem a compreender pois julgo que teria sido útil para todos conhecer as posições daqueles que estando dentro do edifício das “cortes”, as combatem. A negação da possibilidade de usar a palavra terá sido potenciada pelo facto de o PCP ter sido o único partido que respondeu afirmativamente ao convite, pois não se encontrava nenhum outro deputado ou grupo parlamentar na sala, como verificaram. Todavia, não queria deixar de vos dirigir uma saudação e votos de reforçada perseverança e combatividade, pois a vossa luta é justa. E seria uma luta justa mesmo que existisse apenas um trabalhador na vossa situação, já que percebi que a representatividade e número do sector vos preocupa tanto. Não é por serem muitos que a luta dos trabalhadores é justa, pois enquanto existir quem explore e quem seja explorado, a injustiça permanecerá independentemente de quantos forem os exploradores ou os explorados. E enquanto a injustiça permanecer e as condições de vida dos trabalhadores se degradarem há motivos mais do que justos para a luta e para o combate em defesa dos seus direitos, como vocês, trabalhadores “intermitentes” têm vindo a fazer.
Mais do que valorizar o trabalho do PCP, dirijo-vos esta mensagem para valorizar o vosso empenho na satisfação das necessidades culturais da democracia portuguesa, levando a cada canto do nosso país as mais diversas formas de arte, possibilitando a todos o acesso à fruição cultural que nasce do vosso próprio esforço e trabalho. E além disso, claro, valorizar a vossa firmeza na luta pelos vossos direitos, agradecendo o convite que nos foi dirigido.
Termino com um apelo para a criação de mais unidade entre vós, pois a discussão é apenas a primeira forma de luta e muitas outras há no caminho da vitória. Os sindicatos, as vossas estruturas associativas e representativas, são a melhor plataforma de decisão colectiva e de luta desde que vocês mesmos não esmoreçam nas vossas posições. A unidade com outros trabalhadores, porque alguns dos problemas são semelhantes, nomeadamente nas acções de luta nacionais e nas comemorações do 1º de Maio, é certamente um passo importante para “fazer a ponte” entre os vossos problemas e os dos que, como vocês embora em outros sectores, também assistem à degradação da sua qualidade de vida e da sua condição laboral por força dos ataques anti-democráticos que têm sido dirigidos aos trabalhadores portugueses em geral.
Saudações democráticas!
Miguel Tiago, PCP
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3 comentários:
as tentativas de silenciamento...mas não nos calam porque a luta continua!
Infelizmente, apesar de parecerem unidos, o pessoal que trabalha na área está sempre à espera que o parceiro do lado caia, para lhe ocupar o lugar.
Para além disso, a precariedade é outra das vertentes que contribuem para que o mercado do audiovisual não evolua de uma forma mais célere.
E o não envolvimento do Estado a isso obriga.
O texto irónico reflecte muito do que se passa actualmente.
Queres apostar que se fosses do BE, deixavam-te falar? :)
fúria: a precariedade é o mal que gera o 1º que aqui falas. Não há falta de solidariedade, há é falta de emprego com direitos e de protecção do trabalhador quando este se encontra em situação de desemprego. os trabalhadores "deste sector" têm as mesmas responsabilidades e preocupações "diárias" que os demais; comida, casa, escolas, médicos, transportes, comunicações, seguros, seguranças social-impostos(e como os Têm!...)pensões de alimento, água, luz e gás etc ...ah e impostos e segurança social(podia jurar que já o havia referido). solidariedade não lhes falta,até porque são os melhores conhecedores das circunstâncias dos seus camaradas de profissão, falta-lhes, portanto, a garantia de Emprego quando o último "trabalho" termina, ou a protecção enquanto este não surge. a vida de precário dita este lema : E amanhã?...Não tarda que todos façamos essa mesma pergunta, precários e demais.
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