Dizia Sócrates, e não me parece que o escreva agora no seu "livro", que «as manifestações são a festa da democracia». Mas julgo que se torna cada vez mais claro que a festa da democracia são as eleições. Isso sim é cá uma festa! Uma festa, um circo e uma palhaçada.
E já nem falo do espectáculo das bandeirinhas, dos outdoors, da obra em cima da hora, das promessas e de tudo o mais que inevitavelmente fará parte das eleições em democracia burguesa que é, claramente mais burguesa que democracia.
Refiro-me especialmente aos autênticos números de circo protagonizados por PS, PSD e CDS que corrompem a democracia e visam, no essencial, manter o equilíbrio entre as forças da burguesia, para prosseguir o rumo de esbulho e de assalto à riqueza nacional e à dignidade dos portugueses.
1. Aqueles que, por estarem no Governo e lhes convir, dizem que as eleições autárquicas não têm relação com o poder central, são os mesmos que utilizarão os seus eventuais resultados positivos para afirmar a renovada confiança do povo nos seus partidos.
2. Aqueles que, curiosamente, a poucas semanas das eleições autárquicas fazem "voz grossa" para a troika estrangeira, são os mesmos que até aqui haviam cumprido prontamente as mais degradantes ordens e são exactamente os mesmos que até nos disseram vezes sem conta que não havia outro caminho.
3. PS, PSD e CDS são os partidos do encerramento de extensões e centros de saúde, de hospitais, de cortes no financiamento da saúde, da educação, de privatizações atrás de privatizações, do encerramento de milhares de escolas, de despedimento de milhares de professores, de roubos nos salários e pensões, mas nas autarquias não se vê um dos seus candidatos a defender tal coisa, mesmo quando são exactamente os mesmos que votaram todas essas medidas na Assembleia da República.
A tentativa, promovida por PS, PSD e CDS, com a ajuda dos fazedores de opinião do costume, com aquele tal rato de sarjeta armado em rato de laboratório, de responsabilizar o FMI pela situação do país consiste numa clara forma de deflexão da crítica dos portugueses. PS, PSD e CDS, na festa da democracia, descartam as respectivas responsabilidades, fazendo cara feia ao FMI, enquanto na prática partilham com o FMI os métodos e os objectivos.
Desmontemos a farsa, acabemos com a festa deles, construamos democracia. Sem a burguesia.
Para isso, não chegará, mas é certamente o mais concreto objectivo de curto-prazo: reforça a CDU nas autarquias.
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