terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

PS(D)/CDS

O padrão comportamental do Partido Socialista é cíclico e previsível. No poder comporta-se como o batedor da direita, como aquele que vai à frente a limpar e preparar o terreno.

No poder, faz as leis que privatizam a segurança social, que permitem a privatização das àreas protegidas e recursos naturais, que permitem a privatização das escolas e universidades, o aumento das propinas, a privatização da água. No poder faz leis que flexibilizam ainda mais o horário de trabalho e as relações laborais, que generalizam a precariedade laboral e aumentam as taxas de exploração.

Na oposição esbraceja, ainda que por vezes muito timidamente, contra a privatização da segurança social, contra a privatização das áreas protegidas e recursos naturais, contra a privatização de escolas e universidades, contra o aumento das propinas, a privatização da água. Na oposição queixa-se contra a precariedade laboral e o desregramento dos horários. Enfim, é uma dança constante em que PS ora faz de polícia bom, como de polícia mau com os restantes parceiros da política de direita, o PSD e CDS. A alternância constante vai-lhes permitindo, de há 37 anos para cá, passar por cima do nosso discernimento colectivo uma esponja com a mais vil lixívia, que nos apaga a memória e nos seduz pela imagem sempre limpa de uns ou outros conforme a circunstância o exija.

O PS, desta feita, estava numa alhada: a subscrição pública - e a responsabilidade da autoria - do memorando da troika, um autêntico pacto de submissão e de agressão, juntamente com PSD e CDS. Porém, tempo suficiente passou já para que os roubos e patifarias de Sócrates e PS nos salários, para que os cortes nas pensões, para que a privaztiação da água, da segurança social, o aumento das propinas, a "nacionalização" do BPN sejam longínquas recordações e quase saudosas ante a dimensão do ataque que agora é dirigido contra nós. Ou seja, o PS, que hoje faria exactamente o mesmo que fazem agora PSD e CDS, tem neste momento um capital de tempo a jogar a seu favor: 2 anos sem estar no Governo e 2 anos de Governo traidor, sequestrador, de submissão, colaboracionista. E está já a usá-lo.

Vejam bem: agora que a distância lhes vai permitindo sacudir a água do capote, um deputado do PS afirmou numa manifestação de inquilinos contra a lei dos despejos que tudo fará para que seja aprovada uma moratória bla bla bla e que o que é preciso é unidade e união, para assegurar os direitos dos inquilinos. Ora, presumo que não estivesse a apelar à unidade com PSD e CDS que são os partidos autores da lei em vigor, como tal, estaria a referir-se ao PCP e ao BE - ambos presentes também na manifestação.
Claro está que a Deputada do BE que ali se encontrava não referiu uma única palavra sobre o assunto e preferiu contribuir para a ideia de que o PS agora era também humanista e digno partido de esquerda. Provavelmente terá ido contente com o "piscar do olho" do PS e já se estáa ver num "Governo de Esquerda". Porém, é ou não verdade que foi o PS que redigiu a versão inicial do pacto?
É ou não verdade que na versão inicial do Pacto já vem a referência muito explícita à liberalização do mercado de arrendamento e à liberalização das rendas? É ou não verdade que, já antes disso, no PEC4, o PS colocava essa exigência?

Outra coisa não poderia o PCP ter feito que denunciar a trafulhice.

Cheira certamente a intensificação da luta, a governos a tremer e a eleições. Porque o PS já fala de "Unidade" e já se diz de esquerda. Há até já deputados do PS que dizem que o euro é uma arma de destruição maciça, depois de terem dito há uns tempos atrás que o euro era a mais sagrada das questões europeias e que a culpa da precariedade laboral em Portugal era dos sindicatos.

Saibamos nós denunciar. Afinal de contas, 2 anos não são assim tanto tempo!

3 comentários:

Sérgio Ribeiro disse...

Este comentário era...para aqu e saiu no outro post! Azelhices.

Tens toda a razão. Cuja tem a ver com o conceito de democracia.

Um abraço

12 de Fevereiro de 2013 à0 15:34

mais um abraço

Anónimo disse...

"Saibamos nós denunciar" é a frase chave. Não basta fazer, mas saber fazer, fazer do modo certo...

José Gonçalves Cravinho disse...

O PS que usa abusivamente o rótulo de socialista e o PSD que também usa abusivamente o rótulo de social democrata,são os dois como irmãos gémeos que se guerreiam na disputa da herança da Quinta-Portugal.Ambos quando alternadamente estão ao leme da NAU Portugal,praticam a Política Liberal DITADA de Bruxelas e ambos são apoiantes da Horda mercenária da NATO e de suas guerras de rapina e destruição.Mas o PSD leva mais vantagem sôbre o PS porque tem a acolitá-lo o CDS/PP,um Partido em que há ainda muita gente saudosa da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo. À Esquerda que está infelizmente muito desunida,só lhe resta continuar esclarecendo o Povo para que veja quem é que lhe atira as pedradas e que em vez de morder na pedra,deve morder quem a atira.