terça-feira, 30 de novembro de 2010

Conferência sobre Alterações Climáticas (mais uma)

Em ambiente cada vez mais distante das reais preocupações dos povos do mundo, incluindo obviamente o povo português, reúnem chefes executivos, engravatados, cientistas pagos, mercenários políticos, activistas e militantes do capitalismo, em cimeiras e encontros diversos em torno do novo filão doutrinário. Se tempos houve em que as palestras de "empreededorismo", gestão e todo o tipo de engodos e "formações profissionais" constituíam agremiações de "yuppies" e outros que tais para fazer passar a mensagem, as "alterações climáticas" acrescentam-se hoje ao rol de matérias cripto-religiosas que servem de base a um sem fim de palestras, encontros, cimeiras, conferências, nacionais ou internacionais.

O dinheiro dos trabalhadores, dos contribuintes como lhes costumam chamar na era moderna em que vivemos, é canalizado para alimentar estes encontros periódicos e algo frequentes, sem que deles porém resulte qualquer tipo de medida mensurável ou sequer consequente. Hoje, em Lisboa, a Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local pôs-se uma vez mais em bicos de pés para tentar surgir no mapa do novo dogma mundial. Pois que isto hoje de falar de Ambiente sem entrar em pânico com o suposto aumento radical de temperaturas atmosféricas é coisa que não merece sequer respeito e muito menos referência. E vai daí que a CAOTPL organiza isto.

A sala do senado recebe umas boas dezenas de "activistas" que actualmente vivem praticamente disto. A Assembleia da República arvora-se em centro de debate e discussão sobre o tema e o seu presidente põe o nome numas boas centenas de convites, assim contribuindo certamente para o enriquecimento do seu currículo em defesa da política que sempre o animou - o ferveroso americanismo e capitalismo.

Perguntaremos, daqui a uns anos talvez, que resultados tiveram as sessões de debate absoultamente infértil da CAOTPL em torno das alterações climáticas? O que acrescentou além da repetição nauseante da tese esgotada? O que melhorou nas vidas dos portugueses os gastos, em euros, em combustíveis, em papelada, em tudo e mais alguma coisa, depois desta 3ª conferência sobre alterações climáticas?

E muitos deputados foram ouvir as ladainhas do costume, sobre o aumento do nível do mar, a perigosidade dos gases com efeito-estufa, e tudo o mais que já se sabe porque até já se aprende na escola a inegável tese do aquecimento global. E muitos deputados farão do que ali ouviram o guião para espalhar por aí esse pânico bacoco e pacóvio em torno das alterações climáticas, sem saber sequer do que falam. E muitos farão do que ali ouviram o guião para a sua actuação política, a bem da nação, claro está, mas principalmente a bem do Governo que, enquanto finge combater uma coisa que ninguém pode provar se existe ou não, tem perdão garantido para atacar a torto e a direitos os direitos mais elementares dos portugueses.

Enquanto finge combater as alterações climáticas, ninguém se apercebe da participação nas guerras no iraque, no afeganistão, cujos povos tampouco terão tempo de se preocupar com esse tal de aquecimento global porque antes disso, muito antes disso, lhes matarão os pais, os avós e os filhos, lhes torturarão os irmãos e os camaradas.

Enquanto Sócrates, armado em salvador, fala de energias renováveis e de combate às emissões de gases com efeitos estufa, lá consegue às escondidas ir promovendo a presença da EDP em moçambique, ou no brasil, devastando terras lavráveis e cultiváveis, desalojando povoações inteiras sem qualquer tipo de indemnização (interessante consultar).

Enquanto se pavoneiam com as eólicas, lá vão afagando as costas dos accionistas da EDP e das outras empresas das renováveis que enfiam milhões e milhões de euros nos bolsos à custa da nossa ingenuidade ambientalista.

Enquanto se vangloriam com a indústria limpa, permitem e apadrinham a destruição e a devastação de recursos naturais, biológicos e geológicos, a privatização da água e do litoral, das praias e dos rios. E enquanto agitam a bandeira do ambiente, trucidam as leis para permitir a construção de "projectos de interesse nacional" que fazem da nossa terra o seu quintal.

E enquanto falam de progresso e tecnologias verdes, lá vão acabando com os vínculos laborais, o bem-estar da população, os direitos no trabalho, à saúde, à educação e à qualidade de vida, a um salário digno, à habitação, etc.

Enquanto esses militantes do apocalipse se passeam nos corredores das "assembleias da república" de todo o mundo, muitos pagos a peso de ouro, e se fazem passar por activistas empenhados, mais não fazem na verdade do que suportar as causas e as origens do actual estado das coisas.

Enquanto insistem no capitalismo, o capitalismo destrói-nos a Terra.

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