A intromissão e ingerência do Governo na organização do movimento desportivo atingiu um novo patamar com o mandato de Laurentino Dias. Depois de ter conduzido a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto durante a última legislatura de forma profundamente desligada das reais necessidades, quer do desporto, quer da juventude, e ter edificado regimes jurídicos com o apoio cego do PS, PSD e CDS para um conjunto de áreas de intervenção da sua secretaria de estado, vem agora mostrar-nos o resultado de mais de 5 anos de mandato.
Com o Governo PS, nos últimos 5 a 6 anos, a instrumentalização, manipulação e governamentalização do movimento desportivo conheceu desenvolvimentos que contrastam com a tradição de independência, autonomia e democracia interna que estiveram na base da fundação do nosso sistema desportivo e das associações que o compõem. O desprezo pela componente do desporto de massas e pela democratização do desporto é apenas um dos vectores da política de Laurentino Dias, pois a restante estratégia só se pode descobrir se corrrermos pelos corredores do poder federativo, onde se ouve e vê a instrumentalização que o Governo faz do movimento desportivo em função do financiamento. Ao invés de assegurar um respeito e regras de financiamento transparentes e claras para com as federações, o Governo distribui os fundos públicos em função da discricionariedade do seu programa político e de acordo com a submissão ou não das federações a esse seu programa político.
A lei de bases do Desporto e da actividade Física (que o PCP votou contra), o regime jurídico das federações (que só o PCP constestou na Assembleia da República), o regime jurídico do combate à dopagem no desporto (que só o PCP contestou na AR) e o regime jurídico do combate à violência, racismo e xenofobia no desporto (que só o PCP contestou na AR) são elementos jurídicos que permitem hoje ao governo levar a cabo uma política de permanente ingerência na vida das federações e que legitimam uima política que entende as federações como departamentos da secretaria de estado e Laurentino Dias como o patrão do movimento desportivo. Para este Governo, o movimento desportivo é apenas mais um dos seus quintais, onde brincam alguns portugueses porque o governo deixa e onde outros tantos fazem uns balúrdios de salário e patrocínio a que o governo sorri, por propaganda.
Vou contar uma coisa que nunca contei por respeito a quem trabalha no Laboratório de Análises de Dopagem mas que começa a urgir contar para desmascarar o profissionalismo e perfeccionismo que nos querem vender. De acordo com a ladainha de Laurentino Dias, estamos na crista da onda do combate ao doping e da transparência, profissionalismo e objectividade do controlo do doping. Aliás, doutra forma não se compreenderia o escabeche montado em torno das questões de Queiroz, FPF e Selecção Nacional.
Certo dia, em visita oficial ao LAD, um conjunto de pessoas (no qual me encontrava) teve a oportunidade de presenciar e de observar directamente o funcionamento do LAD e dos sorteios de controlo. Todos imaginarão, decerto, o valor da informação correspondente a esses sorteios (saber o nome do controlado com 24 horas de antecedência). Ora, qual não é o meu espanto quando, depois de passear pela parte laboratorial do LAD, chego à sala dos sorteios e vejo que existe todo um sistema de secretismo para garantir o desconhecimento total do nome dos atletas a controlar (ou das competições ou equipas a fiscalizar) e verifico até que o computador que faz o sorteio o faz sem anunciar no ecrã o resultado, mas que o imprime numa folha de papel envelopada em envelope aberto!!!
Partamos do princípio que todo o funcionário, diligente e consciente e incorruptível, sela de imediato com cera de lacre o envelope de papel e o envia para prosseguir o seu caminho e que tudo corre bem.
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