Em 25 de Março de 2009, o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português propôs a suspensão do pagamento de propinas para desempregados, filhos de desempregados ou para estudantes de famílias com baixos rendimentos. Assim, o PCP apresentou esta iniciativa.
Claro que, um mês depois, assim que pôde, o BE foi marcar o terreno e adoptou a ideia do PCP, com esta iniciativa.
Agora, o PCP foi muito mais longe e propôs uma nova lei de financiamento do ensino superior público, pondo fim à privatização e mercantilização do ensino, acabando com a propina. O BE já veio a correr a dizer que vai fazer qualquer coisa e, prontamente, a Comunicação Social se dispôs a divulgar esta "revolucionária" proposta do BE, ignorando que foi esse mesmo BE que propôs esta iniciativa, onde defende o encaminhamento do dinheiro das propinas para o orçamento de investimento das instituições de ensino superior.
Contradições e copianços à parte, o que importa é que o PCP foi o primeiro partido, da história da democracia parlamentar portuguesa, a ter a audácia de propôr uma nova lei de financiamento do Ensino Superior Público. Pelo menos não tiveram o desplante e descaramento de a copiar. Por enquanto...
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11 comentários:
Isso de estar a preparar os documentos implica tanto trabalho... é muito mais facil copiar o vizinho do lado, ainda por cima se a comunicação social vier logo anunciar como sendo mérito de quem copiou. O BE cada vez mais igual a si proprio
Enquanto os media forem fazendo alarido com as iniciativas do BE e "boicotanto" em termos de divulgação as do PCP... vão-se safando.
Abraço.
São como aqueles pássaros calões que põem os ovos nos ninhos alheios...
Um abraço.
Enfim... Se tivéssemos bons políticos neste país, aí sim, de facto, não era a mesma coisa. Um excelente ano de 2010! Lacrima D'Oro
O PCP que aprenda... Essa atitude ressabiada do "Eu vi primeiro!!" é uma das razões pelas quais têm tido, ano após ano, "vitórias morais", que ninguém mais considera vitórias. Vão-se apagando, perdendo expressão, envelhecendo.
O BE é um PCP light, com ares cool e urbanos, libertado da enxada e do fato-macaco... É claro que de tempos a tempos mostra a verdadeira cara e aí surge gente tão fanática como os do PCP. Mas até lá, têm uma boa política de imagem. O PCP não, tem uma imagem gasta e pouco apelativa à classe média urbana. Dir-me-ão que o que interessa é a ideologia de fundo, as medidas... Eh, eh... fiem-se nessa e continuem no mesmo rumo...
amigo anónimo, o que está em causa é a atenção mediática que é dada ao original e a que é dada à cópia para tentar branquear o original.
Quanto aos seus conselhos sobre imagem, agradeço-os. Mas desde já lhe digo: mal estaria o PCP no dia em quem aceitasse conselhos de imagem de quem apelida os seus militantes de fanáticos e de quem, manifesta e obviamente, antes o prefere ver destruído que firme.
abraço
Talvez me tenha expressado de forma imperfeita e tenha sido desagradável sem o pretender... Peço desculpa. De facto, politicamente estou muito longe do ideário comunista. Todavia, os meus "conselhos" são bem intencionados. Aliás, são mais comentários que conselhos... E não são nada que os seus militantes e dirigentes não pressintam, se pensarem sobre o assunto.
Perguntem na rua a quem quiserem (fora do Alentejo profundo ou da margem sul, evidentemente) e a imagem que passa é a de que o PCP parou no tempo, que mentalmente os seus líderes vivem ainda na clandestinidade, ruralista, conservador, etc. E não me refiro à ideologia (é certo que muitos partidos comunistas europeus renunciaram ao essencial do marxismo-leninismo e são uma uma espécie de "esquerda mix", como o bloco de esquerda, por sinal...) - falo tão-só da imagem.
Se o PCP não investir na imagem pública, os media não lhe ligam. Não tem atractividade para vender telejornais. A astúcia do Bloco é essa: consegue gerar curiosidade junto dos media (que, verdade seja dita, os levam nas palminhas), criar eventos diferentes do clássico comício e arruada. Movimenta-se com desenvoltura em redes sociais e apontou a sua mira às elites intelectuais, conseguindo, deste modo, "estar na moda".
É terrível, mas a verdade é esta. Se não repensarem a ideologia, terão, no mínimo, de repensar a abordagem mediática... Ou serão preteridos em benefício dos "imitadores" com alguma frequência. Não basta fazer, há que mostrá-lo. É essa a chave na política.
Boa sorte, meus amigos.
Caro amigo anónimo. Uma vez mais obrigado pela sua crítica. Aceitando que a sua vontade de ajudar o PCP é legítima, ela peca no entanto por estar eivada de uma tremenda ingenuidade que, só posso depreender, genuína.
Ora, acha mesmo que o PCP é o partido que a tv lhe mostra e os jornais pintam? Acha mesmo que o PCP poderia alterar alguma coisa no seu "visual" que merecesse por parte de comunicação social capitalista a mínima atenção? Poderá porventura achar o amigo anónimo que o BE tem a atenção que tem por ter mais ou menos jeito para a "imagem"?
O BE pode mesmo pintar-se de negro que continuará a ser acariciado pela comunicação social dominante porque comem da mesma gamela. Tal como o PCP poderá pintar-se branco e continuará a ser boicotado pela comunicação social porque luta contra a mão que lhes enche a gamela. É a natureza de classe dos partidos que conta, e não a sua imagem.
Muitas pessoas terão essa imagem do PCP porque a obtêm através dos media. Assim continuará a ser. A única forma que o PCP tem de a combater, não é mudando a imagem ou a ideologia, mas sim mostrando a sua face real, sem filtros, ao maior número possível de pessoas.
Por que será que nenhuma comunicação social diz que o PCP é o Grupo Parlamentar com maior percentagem de jovens no Parlamento e com o deputado português mais jovem no parlamento europeu? talvez porque isso lhes negaria a tese de que no PCP só há velhos...
por que será quu ninguém fala dos milhares de recrutamentos de um "partido decrépito"? por que será que ninguém fala do real alcance e dimensão da festa do avante? por que será que ninguém diz que o PCP foi o primeiro partido a fazer uso das novas tecnologias? o primeiro a ter uma rádio online? o primeiro a ter um site de internet? o único a utilizar o software livre e o primeiro a propôr a utilização do software livre no aparelho de Estado?
por que será que ninguém diz que o PCP foi o primeiro partido português a propor a educação sexual, a propor a despenalização do aborto, a descriminalização do consumo de drogas? por que será que ninguém diz que o PCP é o partido que mais trabalho realiza na Assembleia da República sobre Juventude e Educação? O primeiro a propor a abolição de propinas?
por que será que ninguém diz que a JCP é a mais dinâmica das organizações partidárias de juventude que, por acaso até está a organizar agora o seu congresso?
Por que será que as palavras "trabalho", "colectivo", "paz", "amizade", "cooperação", "salários", "direitos", "trabalhadores", "horário", "liberdade" e "participação" passaram a ser vocábulos do passado (talvez com excepção do alentejo e da margem sul - como refere o amigo)? e palavras como "competitividade, "guerra", "ocupação", "competição", "indivíduo", "empreendedorismo", "flexibilidade", "accionistas", "gestores" e "gestão" se tornaram os eixos de uma modernidade quase futurista?
Acha que foi uma transformação colectiva na cabeça das pessoas que trabalham 40 a 50 horas por semana, sem dinheiro para pagar as rendas, a água e a luz, sem vínculo laboral, sem horários de trabalho e sem direitos sociais? Ou antes foi uma alteração imposta pela comunicação social dominante, pela cultura dominante e pela própria educação de massas, sempre ao serviço daqueles que vivem e enriquecem à pala precisamente do trabalho dos outros? desses balofos gestores, yuppies e magnatas, novos e velhos ricos que enchem o bandulho à custa do tabalho dos portugueses? Esses reais bandidos que se abotoam a importantes fatias da riqueza nacional com a cobertura da lei feita à sua medida e do estado corrupto e submisso, esses que por detrás dos obscenos salários e prémios de gestores, arruinam as empresas públicas para logo a seguir serem os adminstradores delas quando as privatizam, que distribuem lucros e dividendos aos accionistas quando o povo não tem como pagar as facturas?
Por favor, poupe-nos à cantiga do "vocs têm de mudar a imagem", porque não existe partido mais dinâmico e ajustado à realidade que o PCP. Achar que o PCP deve mudar para ter mais simpatias da comunicação social burguesa, é não conhecer de todo o PCP.
Caro Pedras Contra Canhões,
a minha sugestão de um PCP com um face-lifting modernaço indigna-o. É natural. É um homem de princípios, admiro-lhe isso. Sei também que há no PCP bem mais pessoas com coluna vertebral do que no andrógino Bloco, feito à medida do soundbyte e do holofote mediático.
Como lhe disse, não sou comunista, pelo que a minha intenção dificilmente seria "ajudar o PCP" enquanto tal. Acredito, todavia, que o PCP é necessário à saúde da nossa democracia e é esta, composta de pessoas com pensamentos muito diferentes, que me preocupa.
Disse-me coisas que nunca antes tinha ouvido em lado nenhum. Da comunicação social, certamente que não. Demérito da comunicação social? Demérito do PCP? Não sei. Tenho por assente, contudo, que esse é um problema do PCP, não da comunicação social - esta, tendenciosa como sempre (e não só no que toca ao PCP) lá ganha os seus milhões com publicidade e audiências, seja de que modo for. O crescimento do PCP, na era mediática em que vivemos, é que depende duma maior capacidade de fazer passar as suas ideias e mobilizar a massa maioritária daqueles que não têm uma identificação político-partidária fixa.
Há toda uma longa história de resistência que distingue claramente o PCP do Bloco de Esquerda. Nos tempos que virão, o PCP terá de demonstrar ao povo - dê lá por onde der - o que mais, além do passado, o distingue. O Bloco conseguiu uma boa penetração no "segmento de mercado" dos intelectuais urbanos - roubando eleitores ao PCP e a franjas esquerdistas do PS. O PCP, mesmo que diga que o seu adversário é a direita (PS incluido), vai ter, quer queira quer não, de disputar esse grupo "pequeno-burguês", pois infelizmente, dada a desagregação do nosso tecido produtivo, o operariado e o campesinato são classes cada vez mais envelhecidas e em extinção. Enfrentar o BE sem atrair sobre si o anátema de ter criado divisões nas forças da esquerda. Eis um equilíbrio difícil que reclamará muito tacto e habilidade política para alcançar.
Que mau feitio...
É sinal que dão valor às ideias e ao trabalho do PCP na luta, diária, pelos direitos dos trabalhadores.
É sinal que estamos no caminho certo, se assim não fosse ninguém dava importância às iniciativas do PCP... Se o fazem, é que concordam que a justeza das palavras e dos actos poderão levar os trabalhadores a lutar por algo mais do que promessas...
Mas casa que só tem telhado, não resiste muito tempo... para resistir é preciso ter alicerces...
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