Às pessoas do meu país, àqueles homens, mulheres, rapazes e raparigas que querem ter o direito a viver num país que responda aos seus anseios, onde o direito a um trabalho digno e justamente remunerado, a uma reforma justa, a um serviço nacional de saúde, a uma escola pública, gratuita e de qualidade, deixo o apelo:
Não importa no que votaste, se saíste à rua em protesto ou se ficaste em casa por desânimo e desalento, não importa se confiaste em Sócrates e agora te sentes traído pela direcção de um Partido que já não é Socialista. O que importa é que, estou certo, confias no teu país, desejas vê-lo com as cores de Abril, impondo uma política diferente aos poderosos que entretanto, tornaram o próprio PS numa espécie de marioneta ao seu serviço, para do nosso país igualmente se servirem.
O nosso país não pode continuar a prostrar-se perante a União Europeia que nos devora, que nos condiciona e nos destrói. O nosso país não pode continuar a ajoelhar-se perante os interesses dos grandes banqueiros, dos grades patrões, dos senhores de dinheiro, como se não tivesse já qualquer réstia de dignidade. São esses que nos devem tudo! Devem-nos todas as fortunas acumuladas à custa dos juros, da usura, da especulação, da apropriação do nosso esforço. Do nosso, porque se apropriam do esforço colectivo dos trabalhadores portugueses, porque te roubam tanto a ti que votas PS, como a mim que voto PCP.
O país não pode continuar a permitir que um punhado de gestores e amigos de ministros continue a receber salários e mordomias que valem por mais do que mil portugueses juntos. Não podemos continuar a aceitar e acatar a conversa do neo-liberalismo, da modernidade, do empreendedorismo, da competitividade, da rendabilidade, do ranking, do spread, da confiança dos mercados porque essa é a conversa que nos leva de derrota em derrota. Essa é a conversa que usam para nos fazer esquecer os nossos princípios. Os nossos, porque também são os de muitos portugueses que votam PS, bem sei. Os nossos princípios: humanismo, fraternidade, solidariedade, cooperação, trabalho colectivo, democracia, participação e pacifismo.
O país não pode continuar a destruir e a sufocar as suas gentes, as suas pescas, a sua agricultura, a sua indústria. Não viveremos de bancos e não comeremos a relva dos campos de golfe. Não produziremos riqueza em call-centers e não garantimos casa a ninguém com especulação.
O país não pode continuar a aceitar as desculpas atrás de desculpas que os dirigentes do PS usam para justificar o adiamento eterno de um projecto de esquerda.
Os homens e as mulheres de esquerda, que anseiam, como eu a um país que se demarque das guerras sanguinárias, que anseiam como eu viver num país cada vez mais justo e mais soberano, mais democrático e menos plutocrático, são hoje convocados a uma luta determinante.
Todos somos chamados a dizer se queremos uma esquerda a sério ou uma esquerda tão moderna, tão moderna, que afinal de contas é igual à direita arcaica. Todos somos chamados e não há forma de evitar. Vamos afirmar que não somos todos iguais, que há opções e alternativas, que é possível inflectir os rumos que têm condenado o nosso país. Que reforçando a esquerda, o próprio PS será forçado a ouvir os seus militantes e votantes, que lhes confiam e confiaram sempre um projecto que afinal de contas é sempre traído.
Viremos por nossas mãos o nosso destino. Eleições por si só não resolverão os problemas do país, mas os seus resultados podem ser um factor determinante para a mudança necessária, de políticas, e não apenas de rostos.
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