quinta-feira, 20 de maio de 2010

Contra o roubo nos salários

O salário, no capitalismo é, por definição marxista, correspondente à fatia da riqueza produzida que constitui a retribuição do trabalho na medida certa do mínimo necessário para a reposição das condições de desempenho do trabalho. Ou seja, o salário corresponde apenas à porção mínima necessária para que o trabalhador reponha as energias e as condições de tornar a trabalhar no dia seguinte.

Assim, por definição, o salário pode não ter correspondência directa com a riqueza produzida e o trabalho desempenhado, mas apenas com as necessidades do trabalhador para repôr a capacidade produtiva. Essas necessidades variam na medida inversa à proximidade com o processo produtivo, ou seja, o trabalhador manual, o operário, aufere rendimentos baixos, que aumentam progressivamente à medida que nos afastamos da produção propriamente dita até chegar ao gestor ou ao administrador que, de tão distantes se encontram do processo produtivo e transformador. Da mesma forma, o salário varia na proporção inversa da mão-de-obra disponível. Por tudo isso, o salário em contexto capitalista é, em si mesmo, resultado de um roubo. Ou melhor, o salário em contexto capitalista é a parte que resta de um grande assalto ao trabalho. É a única parte da riqueza produzida que cabe ao trabalhador, independentemente do esforço, do empenho e do brio com que se desempenha cada tarefa laboral.

Ora, a diminuição dos salários, em contexto capitalista, a pretexto da crise, é um assalto absolutamente inaceitável que se traduz apenas no esbulho e no roubo da parte da retribuição aos trabalhadores pelo esforço do seu dia-a-dia. O sentido do progresso não é compatível com o empobrecimento dos trabalhadores, com a degradação da qualidade de vida das pessoas. Por isso mesmo, e por muito mais, exige-se uma postura responsável de todos os que se identificam com o rumo do futuro, da melhoria de vida, da colocação da economia ao serviço dos povos.
Responsável é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para travar o assalto e não cruzar os braços, é lutar para punir os que nos empobrecem e vivem à custa do trabalho alheio, responsável é combater os responsáveis pela forma irresponsável como se vem gonvernando o país.

Responsável é acima de tudo, não chamar a si toda a responsabilidade do mundo, mas antes convocar as massas e os trabalhadores para que lutem em defesa dos seus próprios direitos pois não será ninguém a construir o futuro senão os próprios protagonistas da história. responsável é estar assim, na rua, nos locais de trabalho, nas escolas, nos sindicatos, nas associações, na assembleia da república, no poder local e em todo o lado a mobilizar e a combater!

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