quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

faltas dos deputados

Coisa rara, liguei o televisor que ali tenho na sala. Por mero acaso passei pela Sic notícias, onde uma tal de Inês Serra Lopes e uma Maria João Silva se banhavam em suas próprias inteligências, em canções masturbatórias de fazedoras de opinião, estatuto que certamente acolhem com deleite.

Estava eu esperando a asneirada do costume, quando a D. Inês salta com uma frase do estilo "...não podemos pôr os deputados todos no mesmo saco. Há deputados bons e deputados maus, uns que fazem muito e outros tendencialmente nada." Eis que me tomou de assalto e de boa surpresa tal frase. Pensei ainda: "querem ver que vai dizer uma jeito...". Mas foi sol de pouca dura porque logo depois cita como deputados exemplares dois tipos quaisquer do passado parlamentar português pertencentes ao PSD. Maria João Silva ainda retorquiu exaltando o carácter de Matilde Sousa Franco (desafio a consultar o site do parlamento - www.parlamento.pt - para verificar que esta Deputada é autora de 4 magníficos projectos de lei, 2 projectos de resolução e 4 requerimentos ao Governo). Curiosamente, para falar de deputados que não são todos iguais, Inês e Maria escolhem os deputados mais iguais que pode haver.

Mas a coisa piora: depois de ter elogiado quatro ou cinco deputados, entre os quais Zita Seabra (que afinal faltou às votações de sexta feira porque não queria votar de acordo com o seu partido - o PSD e não por desleixo, desenganem-se os maldosos), o painel de ilustres pensadoras (Inês e Maria) ainda atira que o grande problema não são, como depois de tanto elogio se torna evidente, os deputados. O grande problema são os partidos. Esses sim, culpados de tudo quanto há de mau no parlamento português. Porque não se renovam, porque não dão oportunidade aos deputados para trabalhar, porque impõem as orientações de voto, e por aí fora.

Ora se eu estou não estou de acordo que metam no mesmo saco todos os deputados, menos ainda aceitarei que se metam no mesmo saco todos os partidos. Com efeito, é curioso verificar que neste debate apenas se falou de PS e PSD. Excluídos, voluntária e deliberadamente estou certo, ficaram todos os restantes, a saber: PEV, BE, CDS-PP, PCP. E basta consultar o mesmo www.parlamento.pt para verificar que qualquer deputado de qualquer desses partidos terá feito bastante mais que qualquer deputado do PS e do PSD, em autoria de iniciaitivas, em deslocações e visitas, em requerimentos e perguntas ao Governo. Refiro todos porque estou certo de que assim será. No entanto, não seria possível não destacar o Grupo Parlamentar que mais trabalha, que mais propõe, que mais fiscaliza: o do PCP. Desafio a visitar esse site e verificar quantas iniciativas, quantas perguntas e requerimentos, quantos projectos terá apresentado qualquer um dos comunistas eleitos na Assembleia.

Esses abutres velhos, essas "ineses" e "marias", bem podem continuar cumprindo o seu papel contra a democracia, contra os partidos enquanto pilares dessa mesma democracia, mas não poderão nunca apagar o papel que alguns desses partidos desempenham, dignificando a política e mostrando cada vez mais claramente, que os partidos NÃO SÃO TODOS IGUAIS.

4 comentários:

Anónimo disse...

Os jornalistas que nos entram porta adentro esses quase sempre os mesmos e por isso QUASE sempre iguais...

Sérgio Ribeiro disse...

Eu até diria que só há dois partidos. O dos que são todos iguais e o... outro, o da outra classe (operária e de todos os trabalhadores).
"ineses" e "marias", ao que parece, são todas iguais e do mesmo partido, o dos todos iguais.
É a luta de classes, é a luta de classes.
Grande post.
Um grande abraço

Anónimo disse...

Deixa lá.
Os cães (neste caso as cadelas) ladram e a caravana passa!
Bom post!
beijinhos

Chalana disse...

Olá, camarada! Obrigado por passares no nosso blog. O teu tb está porreiro, mas o título é um bocado pro facho: "autoridade nacional" não lembra ao diabo... Mas também quem somos nós pra falar, não é?

Abraço forte,
P'lo Anti-troll,

Chalana