Tendo de nos adaptar às nomenclaturas e taxonomias do sistema, às modernices e particularmente às evoluções do dia-a-dia, a linguagem séria, concreta e minimamente ponderada é substituída por uma vaga, ligeira, facilmente apreensível e falaciosa.
O estímulo à racionalidade crítica deu lugar aos comentadores de política, fabricados na televisão e jornais; a arte dá lugar ao lixo descartável produzido em série nos estúdios de cinema e nas editoras musicais; a cultura é substituída por um culto de consumo irracional e a solidariedade e comportamentos colectivos são substituídos por um insaciável individualismo e competição desenfreada.
A cultura chega-nos mastigada à alma, sem o gosto de um prato gastronómico e bem à maneira de alimentação por soro via intravenosa. A política é tratada como uma novela barata e a disseminação da doutrina é feita de tal maneira que todos nos julgamos esclarecidos sem reparar que mais não fazemos que repetir, qual autómatos, as colunas de jornais e o veneno intoxicante dos marcelos, dos vitorinos, e outros escolhidos a dedo para nos envenenar. Fica-nos bem repetir o que ouvimos, as análises pré-feitas, as colunas de um jornal de referência... dá-nos um ar de indivíduos cultos e não corremos o risco de porem em causa o que dizemos, porque afinal de contas, não são palavras de nossa autoria.
As novas palavras, os novos termos para reproduzir velhos conceitos, as tentativas de branqueamento da realidade, o facilitismo com que nos são apresentados complexos cenários políticos, encaminham-nos para um beco cada vez mais escuro, cada vez mais sem-saída. E no entanto, há quem resista e nos puxe para a rua, para as amplas avenidas do progresso, quem nos alerte e nos organize, connosco, em trabalho colectivo. Sem pretensões de tiradas fantásticas, ou de opiniões de referência, sem pretender protagonismos. A esses todos devemos uma saudação.
Este blogue que hoje inicio não passará nos rodapés das notícias na tv, nem será citado nos jornais de referência. Em primeiro lugar por ser escrito por um comunista e, como todos sabemos, não haver comunistas na blogosfera. Em segundo lugar, por ser escrito por um jovem comunista e esses, como toda a gente sabe, não existem nem na blogosfera nem fora dela, dado que foram declarados extintos por todas as autoridades nacionais. Em terceiro lugar porque aqui não se reproduzirão as cantilenas do costume, as doutrinas do sistema, nem tampouco serão destiladas permissas intoxicantes do raciocínio moderno. Aqui não se promoverá o empreendedorismo, nem a competitividade das empresas e da economia nacional, aqui não se louvará o trabalho das entidades reguladores, nem se defenderá o Estado Mínimo; aqui não discutiremos os valores das acções da EDP, nem defenderemos a liberalização dos serviços; não defenderemos a "formação ao longo da vida", nem a "aquisição de competências"; não clamaremos pela "modernidade" nem pela contratação de "colaboradores"; não apelaremos à flexibilidade dos trabalhadores, nem ao investimento dos estudantes na sua formação.
Por tudo isso nunca seremos um blogue moderno, muito menos um blogue ajustado à realidade, continuaremos remetidos às páginas do passado dos ditos jornais de referência.
Porque achei que as entidades reguladoras já falharam em toda a linha, e estão por isso mesmo algo descredibilizadas, decidi decretar a Autoridade Nacional, novo blogue do disparate saudosista, onde se escreverão as mais ridículas linhas sobre a actualidade. Assim o descreveriam os jornais de referência.
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5 comentários:
1º - Benvindo sejas
2º - Porque é que obrigas as pessoas a registar-se no google para te comentar, abre lá isso a outras contas.
3º. - tinhas que ser mesmo comunista?
1º obrigado
2º vou ja tratar disso
3º é a minha obrigação enquanto ser humano
Bem vindo!
Sou a tua primeira "seguidora" (novidade do blogger...)
E bom trabalho por onde andares...
Faço minhas as boas-vindas anteriores.
Grande abraço
... e se começaste bem!
E inscrevi-me nessa "novidade" dos seguidores que não conhecia e vou tentar aprender. Modernices...
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