As folhas caducas são aquelas que caem das árvores durante o outono. Nessas cessa completamente a vida, deixando a árvore despida durante cerca de seis meses até que venha uma Primavera. A folhagem perene é, pelo contrário, aquela que, em permanente renovação, nunca deixa a árvore nua.
Rosa Luxemburgo afirmou uma vez que ignorar os desenvolvimentos históricos do movimento revolucionário e voltar a um passado anterior a Marx, não seria apenas voltar ao Bê-À-Bá da teoria, mas seria um comportamento reaccionário em si mesmo. Com outras palavras o disse, mas o essencial é isso e escrevo porque concordo.
A organização sindical é uma das frentes mais importantes do movimento operário e, no geral, do movimento de todos os trabalhadores, independentemente da área da Educação. O movimento, entendido de forma abstracta, foi originando ao longo dos tempos formas concretas de organização e intervenção. No mundo do trabalho, os "espontaneismos", os "aventureirismos" foram dando lugar a uma acção mais consequente, coesa e necessariamente unitária. Cedo os trabalhadores de todos os sectores se aperceberam que a consolidação dos movimentos episódicos era uma exigência, sob pena de nunca serem cimentadas as conquistas pontuais e, pior ainda, de não serem partilhadas as experiências e discutidas democraticamente entre iguais, as exigências e reivindicações.
O "movimento" nessa forma invertebrada foi substituído pela organização perene. O "movimento" estanca como as ondas, a organização persiste como a maré.
Hoje, os individualismos, os esquerdismos, o poder político, tudo fazem para atacar o verdadeiro movimento de trabalhadores e sabem bem que o movimento dos trabalhadores são os sindicatos. Esses sim, democraticamente legitimados, construídos colectivamente, com obrigação de prestar contas a seus associados com regularidade, esses sim, com a merecida e legítima representatividade do sector.
Os "movimentos" como agora tentam chamar a grupelhos auto-nomeados, mais não são que as folhas caducas que pontuam as primaveras, deguarnecendo os invernos. O verdadeiro movimento é perpétuo, é sindicato e partido, que não vira as costas à luta nem nas mais duras tempestades. É uma floresta perene.
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