segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Corrijam-me se eu estiver enganado

Ou estou muito enganado ou recordo-me de ver surgir no Facebook e outras plataformas digitais, uma tal de Plataforma anti-guerra, anti-nato promovida abertamente por indivíduos, dirigentes e militantes do BE.

A uma ou duas semanas da realização da Cimeira da OTAN em Portugal, li nos jornais que o BE havia desconvocado uma manifestação própria com concentração em local distinto do da grandiosa manifestação da campanha Paz Sim, Nato Não! promovida essencialmente pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação. O BE, seus dirigentes e esquerdistas seus satélites, tamanha é a aversão que têm a tudo o que não lhes garanta protagonismos, geraram então essa plataforma PAGAN que, curiosamente, acabaram por não assumir a não ser pela participação do Deputado José Soeiro no desfile que essa PAGAN acabou por promover aproveitando a manifestação Paz Sim, NATO não!. O que importa para esses senhores do BE não é a força e a eficiência da mobilização, é a capacidade de dessa manifestação, pequena ou grande, retirarem dividendos. A conotação da PAGAN com movimentos esquerdistas e radicalistas, violentos por sinal, levou o BE a desvincular-se da plataforma que havia criado. Era um instrumento de projecção que acabou por se virar contra o dono. Nada mais simples: faz-se de onta que nunca se teve nada a ver com aquilo e colamo-nos à do CPPC.

Além deste comportamento parasitário, de usar para se promover aquilo que não se ajudou a construir, o BE conta com a habitual cobertura mediática e branqueamento do seu papel divisionista em todas as esferas da luta dos trabalhadores e do povo. O BE tentou garantir o falhanço da mobilização do CPPC, que contava também com o apoio do PCP e JCP e muitos outros movimentos políticos ou associativos. Mas não teve sucesso no boicote e a plataforma que construiu para se auto-projectar acabou por se revelar contra-producente para a imagem do BE. Num instante, o BE se demarca da sua criação.

Mas o mais grave não é o comportamento dos esquerdistas do BE. O mais grave é a cobertura que a comunicação social dá a estes comportamentos. Nos jornais e telejornais surgia em toda a força a imagem de um BE presente na manifestação, escondendo a presença massiva dos comunistas e jovens comunistas portugueses. Ou seja, não só a comunicação social dominante esconde a presença predominante na manifestação como atribui a mobilização daqueles milhares e milhares de activistas contra a guerra a um grupelho que tentou até ao fim promover a sua própria luta, isolando-se do movimento da paz e tentando projectar uma PAGAN que afinal de contas, não existia, como se verificou.

(nota de rodapé: julgo que todos têm legitimidade para participar nas manifestações pela Paz, como é óbvio, sejam esquerdistas, anarquistas ou o que quer que os defina. o que importa é a unidade e a convergência nos objectivos. Para isso é que se constituem plataformas, para chegar a entendimentos e bases de unidade na acção. Ora, o que o BE fez foi precisamente o oposto: não participar, não mobilizar as massas populares, não contribuir na definição de métodos e objectivos, mas surgir no final como se fosse o autor da manifestação. Todos os que se juntaram, militantes do BE, ou activistas pela Paz sem partido, para mim são benvindos desde que o que for decidido colectivamente (incluindo com eles) seja cumprido ou pelo menos respeitado. O mal, e falo infelizmente por experiência própria, é que para esses grupos tudo o que for diferente do que eles pretendem é para combater e como não têm capacidade para fazer as suas próprias iniciativas e actividades parasitam as restantes.)

6 comentários:

Maria disse...

Não, não estás enganado.
E este excelente post de denúncia de alguns oportunismos deveria ir para o face, para que mais gente o pudesse ler.

Um abraço.

boots disse...

Sem tirar nem pôr. Muito bem dito

Orlando Gonçalves disse...

Ora aqui está aquilo que eu tenho dito sempre, não poderia estar mais de acordo consigo. Assino em baixo.

Fantasma disse...

comportamento parasitário = usar para se promover aquilo que não se ajudou a construir = BE

Excelente! Abraço!

Sérgio Ribeiro disse...

Ora aí está!

Grande abraço

Kaleo disse...

Há algum tempo que vos acompanhámos, tomamos a liberdade de colocar o vosso link no nosso blog.

Cumprimentos,

http://www.fogemariafoge.blogspot.com/