No dia 8 de Janeiro de 2009, por agendamento potestativo do PSD, esteve novamente em discussão a avaliação de desempenho de professores na Assembleia da República.
Muitos chegaram a depositar esperanças em mais este acto de teatro parlamentar, muitos pensaram que seria possível partir a dureza e a prepotência do PS, que o bom-senso iluminaria, nem que por segundos fugazes, as mentes e as consciências daquela rapaziada, ou pelo menos de 5 deles, que era quanto bastava.
1. importa dizer que o PSD agendou este debate potestativamente na sequência de uma rotunda irresponsabilidade. Depois dos deputados desse mesmo PSD terem faltado em massa aos trabalhos de Novembro, onde outras resoluções de suspensão de avaliação de professores haviam sido rejeitadas, e mesmo depois de alguns deputados do PSD terem vindo dizer que faltaram conscientemente à votação, o tal partido (se é que ainda se pode chamar isso ao PSD) apresenta um projecto de lei para se redimir e pedir desculpa aos professores. Revestido da categoria de maior partido da oposição, mereceu o destaque de vários órgãos da comunicação social e a esperança de inúmeros milhares de professores. O teatro e o oportunismo, a hipocrisia e a manipulação, pelos vistos compensam na política.
2. os deputados do partido socialista que votaram favoravelmente as resoluções de suspensão da avaliação de professores no final do ano passado tiveram honras de grande destaque, particularmente o manuel alegre, salvador da esquerda, douto e digníssimo vulto da democracia portuguesa. Nessa altura votavam-se resoluções que resultam como recomendações ao Governo e, num claro cenário de falta de mais de 50 deputados na Câmara, 30 dos quais do PSD. Isso deixou alegre e seus amigalhaços de mãos-livres para fingir que votavam em consciência, contra o PS, fazendo assim valer a sua dignidade mais do que a lealdade a um partido que vendeu toda a que tinha aos interesses económicos e que se ajoelha diariamente a estados estrangeiros. Foi, para alegre e amigalhaços, uma votação relativamente simples, principalmente pela impossibilidade de provocar impacto verdadeiro. Independentemente do seu voto, a posição do partido socialista e do governo, venceria.
3. no dia 8 de Janeiro de 2009, poucos meses depois, o plenário estava cheio e o PSD fazia o seu teatro de arrependimento. Os olhares de todo o país estavam postos no plenário da Assembleia da República. Que fazer agora? Além disso, dois dos projectos de resolução converteram-se em Projecto de Lei para a suspensão da avaliação de professores (o do PEV e o do PSD. - o do BE converteu-se num projecto de lei de novo regime de avaliação, propondo assim aquilo que ainda nem os sindicatos propuseram - louve-se a clarividência do grupelho!). Ou seja, desta feita, a decisão da Assembleia teria força de lei, de obrigatório cumprimento pelo Executivo, entenda-se. Os resultados pasmaram muitos, surpreenderam outros e desiludiram uns quantos.
4. atente-se: 5 deputados do PS, entre os quais alegre, abstêm-se na votação do Projecto de Lei do PSD, 4 votam favoravelmente o do PEV e do BE e um abstém-se nestes dois últimos. Assim, por um voto, a avaliação passou. Fosse eu outro e acreditaria nas coincidências e na ingenuidade de Matilde Souza Franco (que, coitada, é de facto uma perdida ali no meio, mas é-o voluntariamente). Mas reparem como manuel alegre, julia caré, teresa portugal e outro que não me lembro, votaram a favor - para não castigar a sua imagem pública, escolhendo um mártir para se abster, assim assegurando que a lei não passava. Curiosamente, de 6 deputados pela suspensão da avaliação passamos para 4 e uma abstenção, exactamente e estritamente o necessário para chumbar. Mas ao mesmo tempo, o suficiente e o necessário para manter a ilusão de que existe uma esquerda sensível e humanista no PS, para manter a ilusão da existência de um suposto homem de esquerda, que continua a justificar os votos na direita. manuel alegre pode dizer-se o que quiser, mas a verdade, por mais voltas que se lhe dê, é que continua a beneficiar o PS com a cantiga da esquerda, apelando ao voto sempre no PS, incluindo sempre o PS.
5. obviamente que a posição de manuel alegre e seus amigos foi combinada com o bloco de esquerda. só assim se explica que manuel alegra se asbtenha no Projecto de Lei do PSD que apenas propunha a suspensão da avaliação em curso e tenha votado a favor o do BE que propunha todo um novo regime, mesmo sem ter ainda esse regime sido discutido com sindicatos e estruturas representativas de professores. Mesmo sem que manuel alegre perceba puto de avaliação de professores.
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4 comentários:
Este teu post é um "serviço público". Para quem estiver interessado em estar informado e não iludido...
Obrigado. Um abraço
Em suma, o parlamento, entreteve-se a brincar com a avaliação dos professores: conta daqui, conta dacolá, votaram para ficar tudo na mesma. O PSD redimiu-se, é de reconhecer. Os espojos da esquerda do PS subjugaram-se aos lugares das listas que aí vêm deixando no ar a ideia de um partido plural.
Será mais fácil um camelo passar pelo buraco duma agulha do que encontrar um socialista no PS! Se querem ser coerentes com o que dizem, abandonem o Partido Socialista que já não o é!
Um abraço nada Alegre
Lamento, mas o post parte de uma premissa que é falsa e que é necessário esclarecer. Mesmo com o voto contra de Matilde Sousa Franco, os projectos de lei do PEV e do Bloco chumbariam, que é o que acontece aos projectos de lei que empatam na votação. Neste caso seria 114-114, sendo que um deputado do PS faltou e Jaime Gama, sendo presidente da AR, opta por não votar.
o empate na votação traria, como é bom de ver, um problema político ao PS, ainda maior de resolver. no mínimo provocaria na opinião pública um efeito devastador. No entanto, Jaime Gama poderia votar, claro, desempatando, o que também não o colocaria numa situação muito cómoda. Não se pode dizer que os projectos passassem, mas pode-se afirmar que chumbaram por um voto, sim. Porque o desfecho de um empate não seria líquido.
Ainda assim, rui geraldes, releva um importante dado: o da tentativa de criar a ilusão de que seria possível, com os votos de uns ou outros, passar diplomas contra a vontade da maioria do PS e do Governo, o que, obviamente, se demonstrou impossível.
Também releva a fantochada em que o PSD decidiu meter-se sabendo à partida que não existiam hipóteses de alterar os resultados da outra sessão. Ainda assim, rui geraldes, apelo para que verifique que na outra sessão houve mais um voto dissidente no PS, fazendo um total de 6 votos distintos da orientação do governo. Por isso, todo o texto que escrevi é válido. Ou seja, "curiosamente" um voto passa-se para o PS, outro para a abstenção, votos que, sendo favoráveis, fariam um resultado bem diferente 115-113. mesmo com mais um deputado do PS que faltou, faria 115-114.
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