quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Luís e Catarina

O Luís e a Catarina são militantes da Juventude Comunista Portuguesa e foram condenados por exercerem um direito que uma qualquer juíz quis travestir de crime. O Luís e a Catarina são dois jovens comunistas que pintaram um mural. Seguravam na mão as trinchas de um colectivo e pintaram palavras de todos os jovens comunistas deste país: "transformar o sonho em vida", retiradas de uma frase de Álvaro Cunhal dirigidas ao Congresso de Unificação das Juventudes de 1979 (que uniria a União de Jovens Comunistas e a União de Estudantes Comunistas, formando a Juventude Comunista Portugesa).~

O Luís e a Catarina empenham diariamente os seus esforços para defender os jovens com quem se relacionam, para denunciar e combater as políticas que prejudicam a juventude portuguesa. O Luís e a Catarina partilham com milhares de jovens portugeses o "sonho" de transformar esta realidade numa outra, mais justa, mais fraterna, mais solidária. O Luís e a Catarina nunca se limitaram a reproduzir a cassete do sistema em que vivem, nunca ficaram contentes com o que lerem nas notícias, nunca ignoraram o sofrimento que se alastra pelo mundo e pelo seu país. O Luís e a Catarina nunca se limitaram a dizer que as coisas estão mal, nunca se satisfizeram com o trabalho dos outros. Eles, o Luís e a Catarina, chamaram a suas próprias mãos a construção do nosso futuro colectivo.

O Luís e a Catarina não pintaram um mural qualquer. Eles pintaram um mural que é a expressão política de uma organização juvenil que não se rende e que teima em construir a alternativa política: a socialista. Eles pintaram um mural político com uma mensagem de esperança para todos os jovens de Viseu. Para que todos soubessem que é possível transformar, que há quem o faça diariamente e que todos se podem juntar.

Eles nunca diminuiram salários a ninguém, nunca fecharam fábricas nem condenaram famílias à miséria; eles nunca venderam o que é de todos a um punhado de magnatas; eles nunca protegeram criminosos nem deram guarida a corruptos; eles nunca manipularam o sistema legal, nem puseram amigos na administração pública; eles nunca determinaram a diminuição do valor das pensões; nunca privatizaram os nossos recursos; nunca desviaram dinheiros públicos para circuitos privados; eles nunca apadrinharam genocídios, nem defenderam guerras sanguinárias; eles não enviaram soldados para o Iraque, para o Afeganistão; nunca mentiram ao povo português, nem tampouco o abandonaram. O Luís e a Catarina nunca se calaram perante a injustiça, pelo contrário, contam-se entre os que levantam as vozes por princípios e direitos ao mínimo sinal de ataque. Eles nunca quiseram cursos superiores de borla; nunca enganaram o sistema fiscal. O crime deles é doutra natureza: daquela que enche um comunista de orgulho que é nunca calar e nunca abdicar de seus princípios. O crime deles é serem jovens comunistas num mundo que insiste em espalhar que tal coisa não existe.

O tribunal condenou ilegalmente o Luís e a Catarina por pintarem um mural onde afirmavam o seu ideal, onde desafiavam todos a dar o seu contributo a combater os criminosos que hoje se abraçam ao poder político e económico. Diz o tribunal que pintar um viaduto constitui crime de dano simples. Quem tal determina acaba de cometer o crime de dano à República e esse é qualificado e não simples.

Toda a solidariedade com o Luís e a Catarina!
Toda a solidariedade com a Juventude Comunista Portuguesa!
"Continuaremos a pintar murais!"

3 comentários:

Sal disse...

A Catarina fez um trabalho impressionante na sua passagem por Viseu, na JCP. O Luís substituiu-a nas mesmas funções e continuou o seu trabalho. Acompanhei de muito perto o que aconteceu. Na altura, os polícias até lhes lavaram as trinchas, para estas não ficarem danificadas. E agora, isto! Esta cidade é um feudo do Ruas, onde até os juízes alimentam as relações de poder. O ambiente é de caciquismo puro e duro.
Por isso, continuaremos a lutar, todos os dias, aqui e em todo o país, contra este tipo de coisas, num Portugal democrático e livre, fruto de Abril.
E, claro, a JCP continuará a pintar murais.
bjs

Anónimo disse...

A JCP continuará a pintar, concerteza... ...e o Partido? porque não pinta mais murais o Partido?

...E o movimento sindical? E o assciativo?

linhadovouga disse...

Gosto do Luís e gosto da Catarina. Gosto porque os conheço de perto, como a Sal, gosto porque são jovens comunistas, jovens seres humanos de primeira qualidade.
Mas gostaria também se os tivesse conhecido apenas neste teu post e não soubesse mais nada sobre eles e sobre esta triste estória de caciquismo parolo e fascista.
Boa! Pintemos murais.